terça-feira, 14 de maio de 2013

Fernando V. da Silva

[Antônio Fernando Vieira da Silva]
Rio de Janeiro - RJ, 1939
Pintura e xilogravura



Autodidata, Fernando V. da Silva começou a pintar em 1964. Hoje, a pintura e a xilogravura compõem sua produção. 




O universo pronto e maduro de Fernando mostra uma arte que gosta de gente. Um olhar preliminar sobre seu trabalho vai encontrar telas cheias de pessoas em movimento, dançando, bebendo, curtindo a vida, pulando carnaval, tocando instrumentos musicais, enfim, uma arte que crava a marca da alegria. 



Como característica, o artista encontrou em seu estilo uma maneira de destacar os detalhes das figuras principais. Ele usa composições simples e cores chapadas como fundo, para poder ressaltar as nuances, o pontilhismo e os rebuscamentos, sem exageros de seus personagens. Por exemplo, na tela abaixo, podemos ver um fundo em arco-íris e em tons terrosos contornando a rica ornamentação da fantasia de boi do folião.





O crítico de arte Geraldo Edson de Andrade resume assim a arte de Fernando:

"Bom colorista, que nunca chega a abusar das cores puras, o artista é ainda dotado de uma técnica pontilhista na composição de suas telas, um pontilhismo ingênuo, é verdade, porém funcional na medida em que ele, sem querer alcançar as nuances de luz dos impressionistas, faz da técnica uma expressão a serviço da linguagem".


 

A temática de Fernando, salvo algumas paisagens, é sempre ligada a cultura popular nacional, nossas festas religiosas ou não, ressaltando a fama do brasileiro como povo festeiro, a qual é verdadeira, diga-se de passagem. 



 


O subúrbio e os morros cariocas estão constantemente presentes, retratados através de festas com músicos tocando em bares, em bailes, em shows, nas ruas, recheando as telas com suas vivências e interpretação genuína da alma de um povo.


 



Outra crítica importante é a de Cláudio Valério Teixeira (membro das Associações Brasileira e Internacional de Críticos de Arte):

"Com sua pintura ou xilogravuras, o artista vai traçando um imenso mosaico de cenas populares. São significativos seus trabalhos da série sobre nossa música, com desenho próprio e composições invulgares, guardando grande sofisticação".



 

Por fim, deixo um trecho do texto que o grande intelectual e crítico literário Antônio Houaiss, morto em 1999, escreveu em análise à obra de Fernando, ainda em 1977, já antevendo a projeção e reconhecimento que o artista obteria anos a frente:

"Aí está, pois, seu universo, cuja profundidade é pura e honesta, cujas cores são as que o universo deveria ter e cujas gentes são como deveriam, por vezes, e não deveriam, por outras, ser: a crítica, a visão crítica é só para os homens e as mulheres, os seres ditos humanos; os demais, se são criticamente, discernidoramente vistos, são-no sem malícia nem polícia, são-no amorosamente; por isso, suas árvores, seus caminhos, seus barcos, seus céus, suas luas, seus sóis, seus burrinhos, essas coisas e esses bichos são como a criação os teria querido (...)".
 

 






Texto: Álvaro Nassaralla

Fonte: Material cedido pelo artista




 

"Zumbi dos Palmares"
(Homenagem conferida a Fernando V. da Silva
pela Assembleia Legislativa do Estado do Paraná)
 

  Principais Premiações
- Prêmio Funarte, no II Salão de Artes Plásticas da Universidade Federal Fluminense - UFF, 1977
- Prêmio de Referências Especiais, no II Salão Luiz Teixeira, Minas Gerais, 1980
- Prêmio de Coordenadoria de Cultura do Estado de Minas Gerais, na terceira edição deste mesmo salão, 1981. 
- Menção Especial na Bienal de Arte Naif (Sesc - Piracicaba) - 2010

Principais Exposições Individuais
- Clube Americano, Rio de Janeiro, 1970
- Serviço de Divulgação e Relações Estados Unidos, São Paulo, 1972
- Galeria Oscar Seráphico, Brasília, 1977
- Galeria Macunaíma, Rio de Janeiro, 1977
- Sala José Cândido de Caravalho, da Fundação de Arte Niterói - FAN, 1996.

- Exposição na Alliance Française - Niterói (RJ) - 2012

Principais Exposições Coletivas
- Musée D`art Naïf de France, 1973
- Museu de Imagem e do Som, Rio de Janeiro, 1978
- The Selden Rodman, Estados Unidos, 1983
- Centre Cultural Français Alger, Argélia, 1985
- Galeria Adriana Thorn, Holanda, 1987
- Arte Brasil 93, Portugal. 
- Terceira Bienal de Gravura de Santo André, 2005.


 

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Isabela Couto Machado: Uma revelação brasileira do naif no Louvre


Ela é brasileira, mais especificamente mineira, e já tem o seu perfil completo aqui no blog do IIAN . O nome dela é Isabela Couto Machado e vai expor sua arte naïf no Museu do Louvre (www.louvre.fr) de Paris. 

A exposição será nos dias 26 e 27 de outubro de 2013 e é intitulada Art Shopping: Révélateur de talents! (Revelando Talentos). Serão 25 artistas, entre brasileiros, franceses e europeus em geral. A curadoria ficará ao encargo de outra brasileira, Diva Pavesi.

O local do evento em Paris é no Carrousel de Louvre, um espaço que se chama ART SHOPPING que segundo Isabela, "é uma galeria dentro do Louvre que pretende dar destaque a artistas contemporâneos do mundo inteiro".
Obra que será exposta chama-se 'Angel.us', de 100 x 100 cm (imagem abaixo).



"Angel.us"
100 x 100 cm
Acrílica sobre tela

Isabela nos contou que a tela Angel.us representa "a família fugindo de Heródes para o Egito, caso contrário ele mataria todos os meninos que nascessem naquele dia. Então, a cena é a da sagrada família no deserto e um anjão zelando por eles. É como se estivesse ''sob a saia'' do anjo ... sob a proteção do anjo".

Curadoria

A oportunidade para a artista mineira expor no Louvre surgiu através do convite da curadora Diva Pavesi, que é uma brasileira residente há 25 anos na França e presidente da Divine Académie Française des Arts Lettres et Culture: uma Academia que ocupa um lugar privilegiado dentro da defesa, encorajamento e promoção da Cultura Brasileira na França e da Cultura Francesa no Brasil, através das Artes Letras e Cultura. 

Isabela também nos disse: "A Diva Pavesi tem um currículo imenso e importante, e faz um link entre as culturas do Brasil e França. Esse é seu empenho. Um exemplo: esteve lançando um livro de Martinho da Vila por lá".

Isabela está empolgada e ansiosa. Tudo isso porque no dia anterior à exposição, à convite de Diva Pavesi, será condecorada como membro da Divine Academie, num evento em Paris ainda sem definição de data e local.


Bônus

Como bônus dessa postagem, colocamos no ar a obra que Isabela criou e em seguida já foi vendida. Seu nome é 'Ascéndit ad caelo' (100 x 80 cm / acrílica sobre tela) e representa uma "morte bem alegre". A artista fala sobre a tela:

É a morte e ressurreição de Cristo. Fiz baseada em duas frases do CREDO - contudo uso o latim quando escrevo nas telas. Está escrito Ascéndit ad caelo (subiu aos céus) e Tertia die ressurexit (Ressuscitou no terceiro dia). É o espirito santo carregando jesus para o ceu, no bico. Assim como a cegonha nos trás, na fantasia, para nascermos.Há também a cruz, silhuetas de maria com joão ao pé da cruz. E os anjos....vigiando as cenas e fazendo tudo correr bem".


"Ascéndit ad caelo"
100 x 80cm
acrylic canvas

Links das Instituições Francesas:


Divine Académie Française des Arts Lettres et Culture

Exposição Art Shopping: Révélateur de talents! (Revelando Talentos)


Conheça o perfil completo de Isabela Couto Machado


Texto: Álvaro Nassaralla

Fonte: Entrevista com a artista