[Stevenson Moschini Carlos]
23/10/1967
Piracicaba, SP
O trabalho do artista paulista Stevenson Moschini guarda traços particulares ao naif, mas faz a releitura desse estilo (abandonando definitivamente a ingenuidade), trazendo uma mescla de influências que deságuam em suas telas.
23/10/1967
Piracicaba, SP
Classificado como Expressionismo naif, é importante destacar que Moschini trouxe para o naif, características do Expressionismo ( Surgido na Alemanha no início do século 20). Entre elas estão a distorção das formas (acentuando o caráter emocional das imagens), a intensidade de cores (muitas vezes usando tonalidades quentes e vibrantes), além de uma interpretação particular da realidade, onde o componente irracional emerge para ressaltar expressivamente os estados psicológicos do pintor.
'Eu e minhas cachorras' |
Mesmo estando em nova fase onde assume a busca de uma linguagem particular, como declarou o artista à Folha de Piracicaba (destacando-se um estilo mais geométrico), nessa postagem, buscamos seus trabalhos que estão relacionados de alguma forma à arte naif e deixamos de fora as experiências em que um novo caminho vai sendo descoberto.
Percebe-se em Moschini, o prática catártica de seu processo de criação, onde seus fantasmas são exorcizados em forma de arte e transformados em um caos exuberante.
Quando perguntamos o que a arte representa em sua vida, o pintor nos disse:
"Representa uma ligação com o sagrado, a transformação de algo negativo em positivo, uma forma de expressão. Um elo com a passagem, a transformação e tudo que é efêmero , inclusive a vida . A serenidade no meio do caótico."
Como tudo começou
Stevenson começou a pintar em 1997, no seu último ano da Faculdade de Geografia (Unesp / Rio Claro). Ele diz que já tinha contato com a arte desde criança:
Nos anos 80 a cidade paulista de Piracicaba viu surgir, mesmo que como um reflexo dos anos 70, o movimento punk. Nesse cenário, Moschini extravasava sua rebeldia em bares e shows de bandas que professavam por esse estilo cultural. Com o tempo, começou a receber influência do Tai Chi, filosofia que o aproximou da artes plásticas, onde passou a expressar sua insatisfação de uma maneira mais sóbria.
'Minha geração' |
"Há muito tempo já tinha ligação com o desenho, desde a tenra infância. Tentei a música, não deu certo. Daí, por influência de meu irmão e um amigo que já pintavam, participando de salões, comecei a pintar".
"Uma arte que tem uma ligação intrínseca com a Brasilidade, a miscigenação, a herança africana e indígena. A força da cor viva dos trópicos, com este mundo mágico e desconhecido que foi muito alusivo a chegada dos europeus no novo mundo".
Quando indagado sobre como ele descreveria sua arte, o pintor nos disse:
'Entre dois mundos' |
Mesmo com um temário ricamente histórico, as telas do artista não escapam de um processo sumariamente irracional. Perguntamos em que se inspira para criar? Como é seu processo criativo? Ele nos disse:
As influências de outros artistas plásticos ficam por conta de "Franz Marc, Oscar Kokosha, os degenerados, como Marc Chagal. Alguns artistas que foram denominados de arte bruta. Naifs como Heitor dos Prazeres, Waldomiro de Deus, Rousseau e outros".
'Kalpa' |
Amor a Piracicaba
Podemos descrever, "Amor a Piracicaba" (imagem abaixo), a grosso modo, como uma tela 'dividida' em dois grandes momentos justapostos. Uma parte no surrealismo (com toques de art brut), onde formas como rostos e outros objetos aparecem inesperadamente em meio a paisagem fantástica, e outra parte caótica quando aparecem pedaços das formas como um pescoço e cabeça de girafa, uma espécie de santo segurando um coração, peixes, uma casa, um ser indefinido deitado em algo que se parece com uma nuvem-colchão, tudo isso em meio a uma paisagem caótica, não abstrata porque conseguimos distinguir padrões de um mundo: um mundo caótico, é bem verdade, mas mesmo no caos existe um ordenamento, que é complexo, sendo que a distribuição de cores e formas (ou semi-formas) é viva em Moschini.
Podemos descrever, "Amor a Piracicaba" (imagem abaixo), a grosso modo, como uma tela 'dividida' em dois grandes momentos justapostos. Uma parte no surrealismo (com toques de art brut), onde formas como rostos e outros objetos aparecem inesperadamente em meio a paisagem fantástica, e outra parte caótica quando aparecem pedaços das formas como um pescoço e cabeça de girafa, uma espécie de santo segurando um coração, peixes, uma casa, um ser indefinido deitado em algo que se parece com uma nuvem-colchão, tudo isso em meio a uma paisagem caótica, não abstrata porque conseguimos distinguir padrões de um mundo: um mundo caótico, é bem verdade, mas mesmo no caos existe um ordenamento, que é complexo, sendo que a distribuição de cores e formas (ou semi-formas) é viva em Moschini.
'Amor a Piracicaba' |
Das influências surrealistas, vamos para uma pitada de impressionismo de Van Gogh, que o piracicabano também traz para o naif, em 'A ilha', tela abaixo.
'A Ilha' |
Na imagem abaixo, observamos a releitura de uma obra de Paolo Veronese, pintor Maneirista do Renascimento. Do alto à esquerda, a tela começa com a paisagem do nascimento de uma criança. Conforme se vai percorrendo para a direita e para baixo, na diagonal, diversos mundo caóticos vão compondo uma paisagem surrealista.
'Releitura da obra de Paolo Veronese' 483cm X 496 cm |
No caso da tela "Fauna Urbana ou Crônicas de Bar" (imagem abaixo), selecionada na Bienal Naif 2006, Moschini conta a quase anedótica estória em entrevista a Antônio Marsala (Jornal Candura /2007):
'Fauna Urbana ou Crônicas de Bar' |
EXPOSIÇÕES
1999
Exposição
Coletiva no Centro Ecológico e Cultural da Rua
do Porto - Piracicaba-SP
2000
Exposição individual no Espaço Cultural e alternativo LAO –“Paisagens da Alma Brasileira” - Rua do Vergueiro, 156 Piracicaba- SP
2001
Exposição coletiva “ESALQ como inspiração”
Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz”- USP
Piracicaba-SP
Exposição Coletiva – VI EXPO-
PARQUE – Exposição de Esculturas, Instalações nos Jardins do “Parque da
Ressurreição”
Piracicaba-SP
Exposição coletiva Aquarela do Brasil- A imigração em São
Paulo
Memorial do Imigrante
São Paulo – SP
2002
Exposição Coletiva Aquarela do Brasil- A imigração em São Paulo
Teatro Municipal de Mauá
Maúa-SP
Exposição Coletiva Aquarela do Brasil- A imigração em São
Paulo
Fundação Pró-Memória
São Caetano-SP
Ilustração do livro de bolso,
Amor- Vadiações sobre o tema em parceria com Edgar Cliquet. Autores: Beto
Massoni, Arthur A. Faria Júnior e Sônia A. Soares.
Local: Livraria Nobel- Litoral
Plaza Shopping
Praia Grande-SP
Exposição Coletiva OS PÁSSAROS
Parque Avenida Galeria de Arte
São Paulo-SP
2003
Exposição individual no Ateliê Marta Moraes
Piracicaba – SP
2006
Naifs do Brasil, Bienal de Arte Ingênua e Primitiva, Entre culturas, Matizes Populares – SESC/ Piracicaba,SP, Selecionado para a Mostra Oficial, Curadoria da Profa.Dra. Ana Mae Barbosa
2007
Exposição individual “País da Cocagna” – “CentloCultuLao”
Período
de 29 de Junho à 14 de Julho de Piracicaba – SP
Restauro
dos Onibûs de Madeira utilizado com brinquedos pedagógicos do Espaço Lúdico do
Projeto Curumim (voltado às crianças de 7 a 12 anos) – SESC Piracicaba - Março à
abril de 2008
2008
Exposição coletiva “Lá Vem a Ema” – Casa do Povoador - Piracicaba - SP
Período
de 25 de Janeiro à 08 de Fevereiro de
Convidado a ser incluído no Site do Jornalista e Crítico de
Arte, Oscar D’Ambrosio, filiado à Associação Internacional de Críticos de Arte
(AICA) – Seção Brasil
2009
Exposição Coletiva DIVINO CONTEMPORÂNEO
Ateliê
Arte Feita – Rua Prudente de Moraes, Centro- Piracicaba - SP
Visitação
de 25 de Julho à 25 de Agosto de
2010
Exposição coletiva “Na Pegada da Ema e Vou” – Casa do Povoador. Avenida Beira Rio 800 –
Piracicaba-SP
Projeto
Rio das Artes – Valorização das Artes Plásticas e Ateliês de Piracicaba
Inscrito
no Grupo Ateliês e Serviços
Exposição individual no Ateliê Casa do Salgot – Cheio de
gente, Cheio de Bichos
2011
Exposição
coletiva– Casa do Povoador. Avenida Beira Rio 800 - Piracicaba-SP
Exposição Coletiva Tradição em Arte (VI Fórum das tradições
populares de Piracicaba)
Período de 12 a 31 de Agosto de 2011
2014
Mostra Bienal Naifs 12ª edição O santuário refletido no espelho 2014 – SESC/ Piracicaba,SP, Selecionado para a Mostra Oficial, Curadoria de Diógenes Moura
Tela selecionada para a 12ª edição da Bienal Naïfs do Brasil (2014) Realização: Sesc Piracicaba - SP |