Foto: Acervo O Nordeste.com.br |
[Euclides Francisco Amâncio]
1912 - Maraial - PE
1996 - Olinda - PE
Euclides Francisco Amâncio, conhecido mundialmente pelo nome artístico Bajado, deixou Maraial ainda criança para morar em Catende, ambos municípios em Pernambuco.
Na nova cidade, começou a pintar cartazes de filmes de faroeste ainda adolescente.
"Carnaval na Ribeira" Pintura sobre madeira 88 x 120 cm 1980 Fonte: Educativo Pavilhão |
No começo da década de 30 mudou-se para Recife, ocupando o emprego de letreirista e operador de máquina do Cine Olinda até 1950.
Em 1964, Bajado inaugura o Movimento de Arte da Ribeira, junto a um grupo de artistas olindenses, onde passa a expor seus quadros e reside em linda até seu falecimento em 1996.
Em 1984/1985 é produzido o filme "Bajado - Um Artista de Olinda". O site www.cinemapernambucano.com.br descreve a seguinte ficha técnica do filme:
"BAJADO: UM ARTISTA DE OLINDA"
Direção: Sany Lafon Pádua
12 min / 1985 / Colorido / 16mm
Sinopse: Vida e obra do pintor popular Bajado, entrevistas com Gilberto Freyre e João Câmara, cenas do cotidiano da cidade que sempre o inspirou.
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Bajado, um artista de Olinda
Publicado em: http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Bajado<r=b&id_perso=560
Regina Coeli Vieira Machado
Servidora da Fundação Joaquim Nabuco
pesquisaescolar@fundaj.gov.br
Euclides Francisco Amâncio, artista plástico, chargista, letreirista, cartazista, pintor de quadros e murais, conhecido mundialmente como Bajado, nasceu no dia 9 de dezembro de 1912, no município de Maraial, no Estado de Pernambuco.
O apelido Bajado surgiu na infância por causa de uma brincadeira, durante um jogo de bicho, seu passatempo preferido.
Bajado mudou-se para Catende, outro município pernambucano, ainda adolescente, indo trabalhar como ajudante e pintor de cartazes de filmes de faroeste, onde ficou até 1930.
Quatro anos depois, foi morar no Recife, onde arranjou um emprego como letreirista de cartazes e operador de máquina do Cine Olinda, função que exerceu até 1950.
Nas horas vagas pintava letreiros, fachadas e interiores de lojas comerciais, restaurantes e botequins, ornamentando-os com figuras ou compondo painéis e quadros.
O artista prestou uma grande homenagem ao bloco carnavalesco Donzelinhos dos Milagres que estava encerrando, para sempre, os seus festejos de carnaval, pintando na parede de sua sede os versos: "O mar que levou a praia, levou também Donzelinhos."
O gosto pela arte se manifestou quando Bajado retratou os clubes carnavalescos de Olinda, Pernambuco, Pitombeira dos Quatro Cantos, Elefante, O Homem da Meia-Noite, Cariri, Vassourinhas, assim como o frevo rasgado na Ribeira, Largo do Amparo, Varadouro, Praça do Carmo.
Em 1964, junto com alguns amigos de profissão, inaugurou o Movimento de Arte da Ribeira, em Olinda, onde passou a expor seus trabalhos.
Dentre uma mistura de cores e tintas, Bajado foi capaz de reproduzir inúmeras telas sobre a vida cotidiana, o sofrimento, as emoções e a cultura do povo pernambucano.
O artista possuía um temperamento calmo e brincalhão. Fluiu na arte, com a simplicidade de um homem humilde. Era considerado um artista primitivo, inserido no estilo da arte contemporânea.
Sua tendência artística era a liberdade de estética, comum na arte moderna, e suas obras retratavam tanto os folguedos carnavalescos, como também reverenciavam políticos e personalidades ilustres da sociedade pernambucana: Agamenon Magalhães, o presidente Jânio Quadros, o general Teixeira Lott, entre outros.
Na década de 1970, um turista italiano, Giuseppe Baccaro, ao ver as suas pinturas e quadros a óleo expostos nas residências e estabelecimentos comerciais de Olinda, ficou impressionado diante do primitivismo artístico do pintor que assinava da seguinte maneira as suas obras: "Bajado um artista de Olinda". Contactando-o, lançou-se como divulgador e administrador dos seus trabalhos.
Em decorrência disso, alguns meses depois, começaram a aparecer as suas primeiras exposições e mostras no Recife, na Casa da Cultura, na Fundação Joaquim Nabuco, na Caixa Econômica Federal, no Lions Club, no Cabanga Iate Clube.
Novas oportunidades continuaram a surgir, desta vez para o artista expor em outras capitais brasileiras como o Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre e Vitória. Do exterior, Bajado recebeu vários convites para ir apresentar as suas obras. Neste sentido, iniciou pela França uma maratona artística, passando pela Itália, Espanha, Holanda e Tchecoslováquia, atual República Tcheca.
Em 1994, no limiar dos 80 anos, Bajado foi homenageado com uma mostra internacional na sede da Unesco, em Paris, com a participação de diversos artistas internacionais.
Contido, apesar da sua fama e do seu talento artístico, ele sempre viveu humildemente. Tinha como o maior prazer da vida a expressão da sua arte primitiva, a alegria do seu povo.
Bajado passou seus últimos dias assistindo filmes antigos na televisão e recordando as peripécias da sua mocidade. O artista plástico, faleceu em 1996, aos 84 anos de idade, em sua residência localizada na Rua do Amparo, nº 186, Olinda, imóvel este que lhe foi doado por Baccaro, o seu marchand italiano.
Recife, 17 de novembro de 2003.
(Atualizado em 21 de agosto de 2009).
FONTES CONSULTADAS:
HOMEM, Selênio. Pureza na arte e na vida. Diario de Pernambuco, Recife, 10 jul. 1994. Caderno Viver, p. D-1.
MOURA, Ivana. Bajado: há 77 anos amando o futebol, o carnaval e o povo. Diario de Pernambuco, Recife, 3 abr. 1990. Caderno Viver, p. D-1.
COMO CITAR ESTE TEXTO:
Fonte: MACHADO, Regina Coeli Vieira. Bajado. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br>. Acesso em: dia mês ano. Ex: 6 ago. 2009.
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