[Adriano Dias de Araújo]
Guarabira - PB, 29-10-1968
Adriano Dias tem a rara habilidade de se enquadrar na categoria dos naif clássicos, sem com isso se prender às cores primárias e chapadas. Ele consegue a façanha de fugir, no bom sentido, das cores primárias, incluindo outras cores, porém se mantendo na corrente clássica da arte naif.
O mais importante em Adriano é sua capacidade de fazer escolhas originais de combinações de cores em suas telas, juntando o rosa, o azul de um céu claro e preto com amarela de uma felicidade incrível, como vemos na tela "Boi de Reis" (abaixo).
Na tela "A Feira" (imagem abaixo), o pintor paraibano também 'joga' com a combinação entre vermelho e tons de marrom como fundo de céu e rua, que servem como base para que ele possa brincar com casas coloridas, o burrinho carregado de bananas, melancias e outras frutas, além é claro das as pessoas circulando pela feira.
Se Adriano Dias confere exuberância com suas combinações de cores em temas cotidianos, por outro lado, o lirismo grita quando ele retrata temas festivos como a "Noite de São João" (imagem abaixo). Em formato circular, como que vista através de um olho mágico, temos a cena principal com a quadrilha, a fogueira, os fogos de artifício e toda a alegria da festividade. Fora do círculo, o céu claro e estrelado, permeado por balões, e dois músicos em primeiro plano, um acordeonista e um zabumbeiro, tudo unido pela grande fogueira de São João no centro inferior da tela.
Histórico
Adriano Dias vem, desde 1997, participando de exposições coletivas. Realizou também duas exposições individuais.
Autodidata, Adriano nos disse: "Iniciei meus trabalhos ao lado de minha mãe que sempre trabalhou em casa com trabalhos manuais e pintura em tecido, o que ao longo do tempo foi me influenciando e me levando para o mundo das artes".
O pintor naif paraibano conhece bem o desafio de viver de arte fora do eixo Rio-São Paulo. Ele ainda demonstra a consciência da importância da construção de políticas públicas que incentivem e suportem a cultura e a arte. Ele nos disse que:
"Fazer opção de trabalhar com arte longe de um grande centro, é antes de tudo um desafio, que precisamos superá-lo no cotidiano, na luta pela afirmação de nossa identidade cultural, que conseguimos construí-la ao longo desses mais de 20 anos de militância cultural. Quanto a nossa contribuição, acreditamos num fazer artístico que esteja em sintonia com a discussão em torno das políticas públicas de cultura, dai militarmos no Fórum de Cultura do Brejo". .
"Fazer opção de trabalhar com arte longe de um grande centro, é antes de tudo um desafio, que precisamos superá-lo no cotidiano, na luta pela afirmação de nossa identidade cultural, que conseguimos construí-la ao longo desses mais de 20 anos de militância cultural. Quanto a nossa contribuição, acreditamos num fazer artístico que esteja em sintonia com a discussão em torno das políticas públicas de cultura, dai militarmos no Fórum de Cultura do Brejo". .
Adriano Dias e seu depoimento artístico
Desde muito cedo, convivi com minha mãe que desenvolvia diversas atividades manuais como bordado, aplicação em colchas de retalho, trabalho com pintura em tecido entre outras tantas, que sempre mim chamaram a atenção, sobretudo a pintura em tecido e que, sem dúvida alguma, foi o meu maior incentivador na busca pela afirmação de uma carreira como artista, que numa realidade de cidade do interior, é muito mais difícil.
Em 1987, junto com outro companheiro apresentei pela primeira vez os meus trabalhos ao público, tendo após esse período, procurado participar o máximo possível, dos salões e exposições coletivas que acontecia no nosso estado e mesmo fora dele. Já em 1988 participei da I Mostra Arte Atual Paraibana, ocasião em que foram catalogados os artistas em atuação em nosso estado.
Tenho muita satisfação de poder dizer que tive referências importantes na construção do meu trabalho, uma vez que tive o privilégio de poder conhecer e conviver com artistas como Alexandre Filho e Clóvis Júnior, conterrâneos, referências na pintura naïf do nosso país. Conseguir se inserir no universo artístico a partir do interior é muito difícil, as vezes se quer tomamos conhecimento do eventos que acontecem, de forma que nos excluímos, mesmo sem querer do direito de apresentar nossos trabalhos, e pô-los ao julgamento do público.
Além da minha atividade artística, sou vice-presidente da Fundação Centro Unificado de Capacitação e Arte, que trabalha no atendimento e proteção de crianças e adolescentes no município de Guarabira, todas filhas de catadoras do lixão da cidade. A entidade é formada por um grupo de artistas locais que preocupados com a questão social, decidiram centrar forças no enfrentamento desse problema, tendo na arte um meio capaz de ajudar a transformar essa realidade.
Adriano Dias representando o Brasil na Polônia
Representante da arte naif brasileira no 6º Festival Mundial de Arte Naif de Katowice (Polônia)
Data: 14 junho a 14 agosto / 2013
Conheça a localidade de Katowice (Polônia)
Adriano Dias Festival Mundial de arte naïf de Katowice - (Polônia) |
Perguntamos a Adriano como é o festival de Katowice?
O Festival é um evento fenomenal dada a sua dimensão mundial. Tivemos a presença de mais de 50 artistas dos 200 que estavam participando, proporcionando um grande intercâmbio, mesmo com as barreiras impostas algumas vezes pela língua. Tive uma ótima aceitação inclusive pelo curador do evento, Jacques Dubois, que abriu o festival usando uma camisa com uma de minhas obras impressa: foi muito gratificante e chamou a atenção dos presentes, inclusive da mídia local.
Para mim, o grande desafio é o de ter meu trabalho reconhecido sem precisar sair do meu lugar, das minhas raízes e isso hoje a internet me possibilitou.
EXPOSIÇÕES
1987
- Mostra Risco e Ponto - Galeria Antonio Sobreir - Guarabira
- Mostra dos Participantes do I FLAAC - UNB - Brasília - DF
- Arte e cultura de Guarabira - Gal. Teatro Santa Rosa -
João Pessoa
1988
- Mostra Inaugural da
Casa de Cultura Severino Lucena - Bananeiras
- I Mostra Arte Atual da Paraíba - Espaço Cultural - João
Pessoa
- I COPLÁSTICA - Casa de Cultura Severino Lucena -
Bananeiras
1989
- VI Mostra de Novos Artistas - Espaço Cultural - João
Pessoa
1991
- VI Salão Municipal
de Artes Plásticas - NAC - João Pessoa
- Semana Cultural C.A - Guarabira
1992
- Semana Cultural da Diocese de Alagoa Grande
1993
- I Coletiva a Padroeira de Nossa Senhora da Luz - Guarabira
- III Semana Cultural do CEG - Guarabira- I Quinzenarte UEPB - Campina Grande
- I Mostra em Art Door - Guarabira
1994
- 5Th International Mail Art Exhibition - Espaço Cultural -
João Pessoa
- Natal na Rua Bela Vista - Guarabira
1995
- Mostra Individual - Por trás das Grades - Guarabira
- III Mostra em Art Door – Guarabira
1996
- III Feira de Artesanato e Arte Popular do Brejo -
Guarabira
1997- Mostra Arte da Terra - Gal. Antonio Sobreira - Guarabira
- IV Mostra em Art Door - Guarabira
1998
- V Mostra em Art Door - Guarabira
1999
- VI Mostra em Art Door - Guarabira
- Mostra Paralela da PB FEST - Espaço Cultural - João Pessoa
2000
- VII Mostra em Art Door - Guarabira
- Mostra Brasil 500 anos (premiado) - Gal. Antonio Sobreira
- Guarabira- 6º Semana de Letras da UEPB - Guarabira
- Mostra do Folclore - Gal. Antonio Sobreira - Guarabira
- Mostra coletiva Bar Tapera - Guarabira
- Mostra Coletiva Arte no Fórum - Guarabira
2004-
- Mostra coletiva - TRT - João Pessoa
2009
- Mostra Conexão Paraíba - Casarão dos azulejos - João Pessoa
2012
- X Salão de Artes Plásticas do SESC - João Pessoa
28º Salão Nacional de Embu das Artes - São Paulo
- Projeto ExpoSESC 2012 - Guarbira
2013
- I Mostra Internacional de Arte Naif - BCM Art Gallery -
Barcelona
- Mostra em Homenagem ao Cordel do Pavão Misterioso -
Guarabira
- Coletiva de Inauguração da Galeria de Arte Antonio
Sobreira - Guarabira
- Mostra coletiva 90 anos do Pavão Misterioso - SESC
Guarabira
- 6º Mondial Art Festival de Katowice - Polônia
Conheça mais do artista
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