domingo, 12 de abril de 2020

Ângela Gomes



 Nome: Angela Maria Vasconcelos Gomes

Nome Artístico: Ângela Gomes

Natural: Cachoeiro de Itapemirim – ES

Nascimento: 21 de junho de 1953




UMA ARTE LIVRE DE CONVENÇÕES

Desenhar e pintar é um desejo espontâneo que existe desde os primórdios da civilização humana, sendo o seu mais reconhecido exemplo as “pinturas rupestres”.

Traduzido como ingênuo e inocente, por isso a compreensão simplista, o termo Naïf, na Arte, foi pela primeira vez utilizado no virar do século XIX, para identificar a obra do francês Henri Rousseau, o mestre das cores, pintor autodidata admirado pela vanguarda artística da época, que incluía gênios como Picasso, Matisse, Paul Gauguin, entre outros.

Com esta gênese, a Arte Naïf começou a afirmar-se como uma corrente que aborda os contextos artísticos de modo natural, simples e com plena liberdade estética e de expressão. É uma estética que não pode ser enquadrada em tendências modernistas, sobretudo na arte popular, pois foge a regra. Ao analisar a construção deste tipo de arte, é possível verificar que o artista utiliza experiências pessoais, oriundas de sua convivência com o meio e com a cultura em geral.

ANGELA GOMES, nascida em Cachoeiro do Itapemirim, pinta desde os sete anos e, usando uma técnica apurada, muita audácia no uso das cores e uma fé operária e otimista, firma-se como uma referência da Arte Naif no Estado, com talento reconhecido nacional e internacionalmente.
Esta exposição reúne, além de acervo pessoal da autora e obras expostas em instituições públicas e privadas na Grande Vitória, algumas peças inéditas, pintadas nos últimos dois anos.

Obras que expressam o amor da artista pelo Espírito Santo e pela arte, o olhar naif com que observa, vive e sente o mundo.

Márcia Selvátice Tourinho
Curadora












Exposições:
1979 - Ateliê de Arte Livre José Rato – Vitória-  ES- BR
1980 -  Espaço de Arte da Escelsa – Vitória ES- BR
1980 – Teatro Carlos Gomes – Vitória ES-BR
1982 – Galeria Homero Massena – Vitória -  ES-BR
1982 – Galeria de Arte da Escelsa – Vitória- ES-BR
1986 – VIII – Salão de Marinhas – Sociedade Brasileira  de Belas Artes – Rio de janeiro – BR
1986 – I salão Nacional de Artes Plásticas Levino Fanzeres – Hotel Senac – Vitória - ES
1987 – Galeria de Arte Alvaro Conde – Vitoria – ES-BR 
1988 – Galeria de Arte do Sesc – São Carlos – S.P-BR
1988 – Galeria de Arte Vila Antiqua – Vila Velha – ES-BR
1988 – Galeria de Arte Carl Gustavo Jung – Juiz de Fora – MG-BR
1989 – II Salão de Inverno de Artes Plásticas – Caxambu – MG – BR
1989 – IV Salão Oficial Municipal de Belas Artes – Sociedade “Antônio Parreiras “Juiz de Fora – MG – BR
1989 – II salão do Artista Plástico – Centro de Convenções Guarapari – ES - BR
1990 - Galeria de Arte Ana Terra – Vila Velha – ES-BR
1990 – XXXIX Salão Oficial Municipal de Belas Artes –“Antônio Parreiras” Juiz de Fora – MG – BR
1990 – Salão Unione – Galeria Livorno – Sassari – Itália
1990 – Salão Anapolino de Arte – Galeria de Artes Antonio Sibasoly – Fumec – Goiás - BR
1991 – Espaço de Arte Alphaville Trade Center – Vitória- ES-BR
1991 – Mostra Internacional de arte Naif – Sesc – Piracicaba – S.P – BR
1991 – Universidade Afro-Americana – N .York - EUA
1992 – Espaço de Arte Banco do Brasil – Vitória – ES-BR
1992 – Galeria Livorno – Sassari - Itália
1992 – Special Art Gallery – Rio de Janeiro – BR
1993 –“Ansi Professional Computing – Koger Executive Center – Miami – FL – EUA
1993 – Coral  Art Galery – Miami – Fl -EUA
1993 = Espaço Cultural – Consultaime – Vila Velha – ES-BR
1993 – Clube Paineiras do Morumbi – S-P - BR
1993 – Galeria de Divisão de Artes da Universidade de Viçosa – MG-BR
1994 – Instituto Nacional de Cultura Departamento Cusco – Peru
1994 – “Gran salon Inca” – Antiguo Colegio de San Bernardo – Instituto Nacional de Cultura – Departamento Cusco - Peru
1994 – Naifs Brasileiros de Hoje – Frankfurt - Alemanha
1994 – Espaço Cultural Codesa – Vitória – ES-BR
1994 – Espaço Cultural Câmara dos Deputados – Brasília – DF- BR
1994 – Câmara Municipal de São Paulo – S.P – BR
1994 – I Salon Casino Parque Hotel Montevideo – Uruguai
1994 – I Muestra de Arte Brasileira – “Salon Chileno” – hall Central Del Campus Sancache de la Universidad de tarapacá – Chile
1994 – Bienal Brasileira de Arte Naif – Sesc – Piracicaba – S.P - BR
1995 – Embaixada do México – Brasília – DF-BR
1995 – Museu Nacional de Arqueologia da Bolívia – La Paz
1995 – Centro Hebraico Italiano Il Pitigliani – Roma - Itália
1995 – Primitivismo na Festa do Rosário – Galeria Renato de Almeida – C.C.Pró-Musica – Juiz de Fora – MG – BR
1995 – Palacio Consistorial - Arica -  Chile
1996 – Galeria de Arte Lago de Garda – Vitória – ES-BR
1996 – Galeria de Arte do Sesc- Belo Horizonte – MG – BR
1996 – Galeria “Venezia Rincón de Arte” – Madri – Espanha
1996 – Holiday in Hotel Marlin Roon – Hollywood FL – EUA
1997 – Galeria da Biblioteca da UFES – Universidade Federal do ES – BR
1997 – Galeria de Arte el Manhattan Center da Bélgica – Bruxelas – Bélgica
1997 – Hotel Gerfant – Bruxelas – Bélgica - Espanha
1997 – Escuela Luiz G.Bernardo – Strondio – Astúrias – Espanha
1997 – la Comunidad Del Vale del Nalon – Astúrias – Espanha
19977 – Casa da Cultura Municipal Ilhanos – Astúrias - Espanha
1988 – Museu de Arte Homero Massena – Vila Velha – ES- BR
1989 – Galeria Atual – Vila Velha- ES-BR
1989 – Casa de Espanha – Humaitá – Rio de Janeiro – BR
1989 – Espaço Cultural Yazigi – Vitória – ES-BR
1990 – Espaço Cultural – Prefeitura Municipal de Anápolis – Goiás – BR
1990 – Galeria Portinari do Hotel Plaza Ritz – Juiz de Fora – MG – BR
1999 – Fundação Cultural de Blumenau – SC – Contemporaneidade Alemã/Brasileira. BR
1999 – Iº salão capixaba do Mar – Antiga Capitania dos Portos do Esp. Santo – Vitória ES - BR
2000 – II º Salão Capixaba do Mar - Casa Porto das Artes – Antiga Capitania dos Portos do ES -Vitória- ES – BR
2000 – Centro Municipal de Cultura – Balneário de Camboriú- SC – BR
2001 – Casa Cor – Porto de Vitória – ES – BR
2002 – Paixões de Criança – Museu da Cidade – Rio de Janeiro-BR
2003 – Galeria de Arte Elvira Cruz – Vitoria – ES-BR 
2003 – Galeria de Arte Tancredi – Vitória -  ES- BR
2003 – Galerie Crisolart – Artexpo- Madalay – Bay Convention Center – Las Vegas - EUA
2004 – Galeria Fin ! Art – São Paulo – BR
2004 – Galeria de Naif Brasileira – Jardins – S.Paulo – BR
2004 – Galeria Luchi – Gramado – RS – BR
2004 – Intuição X ingenuidade – Casa Porto das Artes – Vitória Es – BR
2004 – Rede@Arte –IV Mostra do Museu Virtual – Arte na Rede – Nova Friburgo – RJ
2005 – Galeria Mali-Villas Boas – Consulte – S.Paulo –BR
2005 – empório das Artes – Vitória ES- BR
2006 – 27ª Bienal de São Paulo – Participação na instalação “Sabores e Língua” do Artista Catalão – Antoni Miralda- S.Paulo – BR
2006 – Espaço Cultural Colégio D.Pedro II – Realização MIAN – Museu Internacional de Arte Naif – RJ - BR
2007 – “Paixões de Crianças” Broward Center for Performing arts em Fort Landerdale – FL – EUA
2007 – Galeria de Arte  da Joalheria Ricardo Vieira – Vitória ES
2008 – Espaço Cultural do Restaurante Taurus – Praia do Canto – Vitória ES 

2008 – Museu Of de Art The Americas – Miami – Fl – EUA
2009 – Artexpo New York – Jacob K. Javis – Convention Center – New York – New York – EUA
2009 – Galeria Colorida – Lisboa- Portugal
2009 – Galeria Minerva – Coimbra – Portugal
2010 – Galeria Vieira Portuense – Porto – Portugal
2011 – Casa Cor ES – Vitória ES
2011 – Casa de Portugal – São Paulo - BR
2011 – Exposition Collective – Château de Warow - Belgique
2012 – Exposição de Arte Naif – Empório das Artes – Praia Shopping Vitória – ES
2012 – 1ºExpoarte das Americas – Consulado Geral da República Argentina – Rio de janeiro – BR
2013 – Galeria Vieira Portuense – Porto – Portugal
2013 – Galeria Arte Patente –Vitória ES – BR
20013 – Arte Commerce – Praia do canto – Vitória – ES – BR
2013 – X Vitória em Arte – SINDIAPPES 9 Sindicato dos Artistas Plásticos Profissionais do ES) Palácio Anchieta – Vitória ES – BR
2014 – A Arte Naif Capixaba de Angela Gomes – Imaginário de um Povo – Palacio Anchieta – Vitoria ES.
2014 – Exposition “Naif Singulier” a Miami – Art Center Wynwood Gallery – EUA
2014- Arte Naif – A Bola da Vez! Centro Cultural dos Correios – Rio de janeiro- BR
2014 – A arte naif de Angela Gomes – IJSN – Instituto Jones Santos Neves – Vitória – ES
2015 – Iº Salão Internacional de Arte Naif “Mundos Ingênuos” Club Athenum Word Trade Center – Bogotá – Colombia
2015 – Exposição Luso Galaico – Chavez – Portugal
2015 – Arte Naif Monaco – 2015 Galerie du Gildo Pastor Center – Fontivelle – Monaco – França
2015 – Iº Circuito de Artes – Vitória ES.
2015 – 11º Vitoria em Arte – Centro Cultural do Sesc – Vitória ES – BR
2015 – Coração Nostálgico – Casa da Memória – Prainha – VV-ES – BR
2015 – 5º Salão Internacional de Arte em Pequenos Formatos – 20x20cm
2015 – IX Art Naif Festiwal – Katowice - Polonia 
AAAGP ( Associação da amizade  das artes Galego-Portugal) Figueira da Foz – Portugal
2016 –  I Exposição Internacional de Arte naif - “Universo da Alma Ingênua” 2016 – Casa da Memória – Prainha – VV – ES
2016 – Temporalidades – Arte Cultura – Shopping Vitória – ES – BR
2016 – X Art naif Festiwal – Katowice – Polonia
2016 – II Circuito de Artes – Vitória ES – BR
2016 – “Mundos Ingênuos” 2016 casa de La Cultura Custodio Rovira de la ciudade de Bucaramanga – Colombia
2016 – Subida da Penha/ Da Fé/ Solidão – Casa da Memória – Vila Velha ES - BR
2017 – Primer Salón Internacional de Arte Naif – Centro Cultural Mansion Eiffel – Lima -Peru
2017 – Art Naif Festiwal – Katowice – Polonia
2017 – II Exposição Internacional de Arte Naif – “Universo da Alma Ingênua” 2017 – Assembleia Legislativa ES - BR
2017 – Acervo de Afetos – Galeria Homero Massena – Vitória ES – BR
2017 – Mostra de Arte Naif – Centro Educação e Cultura Francisco Carlos Morico – Suzano  – S-Paulo –BR
2017 – Exposição de Arte Naif – Empório das Artes – Vitória ES – BR
2017 – Exposição de Artes Visuais : Mostra Acordes – curadoria Vania Caus – Teatro Carlos Gomes –Vitória ES – BR
2017 – Salão Internacional de Arte Contemporânea –  Arte Galego – “Portugal aqui tão Perto” Carrousel du Louvre – Paris – França
2018 – Exposição de Arte Naif de Ângela Gomes – Espaço Gourmet Place – Shopping Vitoria ES – BR
2018 – Exposição Coletiva “Olhar de quem pinta com olhar ingênuo” 2018
Espaço Gourmet Place – Shopping Vitória Es – BR
2018- XI Art Naif Festiwal – Katowice – Polonia
2018 – FIAN – Festival Internacional de Arte Naif – Guarabira – Paraíba – BR
2018- III Exposição Internacional de Arte Naif “Universo da Alma Ingênua” 2018 – Gourmet Place – Shopping Vitória ES.
2018 – II Salón Internacional de Arte naif “Anhelos Naif: Respeto, Armonio y Paz” Centro Cultural Mansion Eiffel – Lima- Perú
2018 – Congadas: Cortejo de Cores e devoção – Museu Municipal da Estancia de Socorro – S.P – BR
2018 – Latino Americart em Europa 2018 – Itália
2018 – III Encuentro Internacional De Artistas EN Sucre – Sincelejo Ciudad Del Encuentro – Colombia
2018 – Salonou De Artã Naivã – Neculai Popa”- Consiliul Judetean Neamt- Centrul pentru Cultura si Arte “Carmem Saeculare” Neamt – Galeria Naivã – România
2018 – Salonul International de Artã Naivã “ Policarp Vacarciuc” – România.
2018 – Fargo – Feira de Arte Goiás 
2018 – El Centro Cultural Mansión Eiffel – Ortoga el presente reconhecimentocomo Artista Invitada de Honor al II Salón Internacional de Arte naif – Perú 2018 – Por su destacada trayetoria, profissionalismo e invaluable aporte al Arte y la Cultura. 


Premiações:
5 Menções Honrosas
1989 - 1  Medalha de Prata- Salão de Inverso – Caxambu – MG – ES - BR
1995 – 1 Medalha de ouro - Salão Chileno –Universidade de Tarapacá -  Arica/Chile 
1995 – 1 Medalha de ouro – Salão do Palácio Consistorial – Arica/Chile
1996 -1 Gold Medal – Reflection Art Show – Holiday inn Hotel – FL – Miami
2012 - 1 Medalha de Bronze – Salão Expoarte das Americas – Consulado da Argentina – Rio de Janeiro – BR
2017 -1 Prêmio Galery Szby Wilson – Katowice – Polonia
2017 - 1 Medalha de ouro Prix de La Criativitê – carrousel Du Louvre – Paris – França.
2018 – Oscar Mulheres Notáveis na Arte – Câmara Municipal de Vitória ES – pela Vereadora Neuzinha Oliveira.
Acervos: Brasil, EUA, Colômbia, Nova Zelândia, Peru, Argentina, Peru, Chile, Espanha, Suíça, México, Mônaco, Portugal, Inglaterra, Alemanha, Polônia, Ucrânia, Líbano, Argélia, Israel, Turquia, Coreia do Sul, República Checa, França, Bolívia, Israel, Canadá.

SITE DA ARTISTA: www.angelagomesnaif.com.br

Fonte: Material enviado pela artista.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Alejandro Pinzón: A colômbia em seu esplendor interiorano


Data de nascimento: 1971
Local: Charalá, Santander del Sur (COLÔMBIA) 
Vive em Nova York (EUA)


Muito presente na obra do colombiano Alejandro Pinzón está o típico e acolhedor vilarejo da América espanhola. Ele diz que se baseia no seu amado lugar de nascimento, que tem o simpático nome de Charalá. 

Fizemos uma breve entrevista com o pintor e mais abaixo encontra-se o link para seu site que tem todos os detalhes da carreira do hermano colombiano, que está sediado em nova York (EUA).


"Un largo camino"
1) Como e quando começou a pintar?


Eu comecei a pintar desde que tenho o uso da razão lá pelos 8 anos. Ganhei meu primeiro prêmio na escola, quando cursava a 4ª série do primário, mas eu já desenhava antes. Nessa idade você nunca pensa em ser um artista consagrado, porque as pessoas estão dizendo que você tem que estudar uma carreira como advogado, médico ou engenheiro, menos ser um artista.


2) Como descobriu a arte naif ou esse foi um caminho intuitivo?


Esse estilo de pintura foi o que eu vi pela primeira vez ao vivo na oficina do meu professor Manolo Diaz em Charalá, minha cidade natal, e a partir desse momento eu disse isso é o que queria pintar. Acredito que a arte naif está dentro de todos nos, só que não descobrimos ou não desenvolvemos. É por isso que acredito que somos artistas em potencial.



"Palanquera"
3) Como descreve suas principais fontes de inspiração?


A inspiração está lá em qualquer lugar. No meu caso, eu confio em memórias, relatos, costumes, folclore, a vida cotidiana, histórias, enfim, tudo, até a falta de inspiração produz temas.


4) Os temas de suas pinturas são baseados em sua cidade natal?


Sim, meu vilarejo faz parte dos temas de minhas obras, todas levam a algum rincão de Charalá.


5) A Colômbia está muito presentes em seus trabalhos. São de sua infância, de viagens ou de sua imaginação?


"Dia de descanso"
Meus personagens são de tudo um pouco, conhecidos, imaginários e inventados. Caracterizo-os pela vestimenta que utilizavam pelo início do século passado. é como auma homenagem aos que se foram.







Clique aqui para site do artista Pinzón com biografia, premiações, exposições e diversos trabalhos.



"Ensalada de frutas para un toche",
100 X 70 cm


"Feliz Navidad",
40 cm x 50 cm


"Mirando al futuro,
40 x 50 cm


"Neugatas",
30 x 40 cm

* Imagens enviadas e de propriedade do artista.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Carmézia Emiliano



Data de Nascimento: 20.04.1960


Naturalidade: 

Maloca do Japó – Normandia – RORAIMA (Brasil)


Formação

A artista começou a pintar de maneira autodidata. Em setembro de 2006, fez workshops de pintura e desenho no Atelier MM, em Brasília (DF). Quando de sua viagem para receber o prêmio aquisição da Bienal Naïf do SESC Piracicaba, em setembro de 2006, teve sua obra avaliada pelos marchands Jacques Ardies e Roberto Rugiero e pelo crítico de arte Oscar D’Ambrosio. Ainda em setembro de 2006, recebeu orientações do consagrado artista naïf Waldomiro de Deus. O artista naïf Clóvis Júnior também orientou a artista, em 2008.





















Carmézia Emiliano

A arte de ver
Oscar D’Ambrosio[1]


Observar uma obra de arte é um exercício de liberdade do olhar. Quanto mais fiel a um padrão ou limitada a certos conceitos, a pessoa pode perder a grandeza de um trabalho plástico. Saber ver significa buscar o novo a cada instante e manter a humildade e a ingenuidade do frescor do olhar.

A obra de Carmézia Emiliano exige esse prazer associado a uma liberdade total de preconceitos. Não é tarefa fácil, numa sociedade em que os rótulos se espalham como pragas de gafanhotos. Antes de mesmo dizer se apreciam ou não um trabalho, existe, para muitos, uma obrigação didática de classificação que pode reduzir a alegria do olhar a uma dimensão próxima do zero absoluto.

Essas considerações se fazem necessárias para que a pintura de Carmézia Emiliano seja vista enquanto obra artística. O fato de ser uma pintora índia não a torna mais ou menos importante. O essencial está naquilo que se vê – e essa capacidade de ver será mais produtiva quanto mais fiel a si mesma.

Se o observador olhar a pintura de Carmézia apenas como o resultado da trajetória de uma índia Macuxi pintora que, antes de mudar-se para a capital, passou anos de sua vida na Maloca do Japó, em Normandia, Estado de Roraima, pode se perder na dimensão antropológica. O dado é importante, claro, assim como o ano de seu nascimento, 1960, como contribuição à visualização, mas não pode ser o elemento direcionador do ato de ver.

A temática ligada a mitos e festas presente nas obras em óleos sobre tela também não pode passar despercebida, mas não define a questão da importância da pintura da artista. Ela leva para a tela o que vê e vive, assim como os artistas paulistanos retratam o movimento da metrópole e muitos do interior paulista e do Nordeste se debruçam sobre plantações e colheitas de todos os tipos de produto.

Há em Carmézia um peculiar aproveitamento do espaço. Ao não ter comprometimento com o realismo, compõe suas cenas de temática indígena ou de animais da Amazônia com uma lógica própria. Fiel a si mesma, reinventa o que vê com uma liberdade de composição e de proporção que valoriza os elementos que julga necessários em cada trabalho.

Agraciada com o Prêmio Buriti da Amazônia de Preservação do Meio Ambiente, em 1996, na categoria revelação, e com o prêmio aquisição das duas obras enviadas à Bienal Naïfs do Brasil, edição 2006, organizada pelo SESC Piracicaba (SP), Carmézia comporta um desafio.

Progressivamente, ao travar contato com o mundo da arte e conhecer outras obras e pintores – já que o seu nível de referência é hoje bastante reduzido –, terá que assimilar essas novas informações e valores ao seu atual domínio técnico e plástico. Nesse momento, a artista precisa falar mais alto, de modo que a pintora índia seja mais importante que a índia pintora.

Se Carmézia se colocar cada vez mais como pintora, independendo da etnia, verá o deslumbrar de sua capacidade de composição percorrer os mais variados campos visuais. Assim, o mencionado aproveitamento do espaço que a artista tem hoje poderá cada vez mais encontrar assuntos ricos em imagens.

Nesse sentido, ser pintora, para a artista de Roraima, é um desenvolvimento natural de sua capacidade de ver e manusear os pincéis com tinta a óleo. Cada imagem que ela cria é um universo. Vê-lo é um exercício pessoal da mencionada liberdade do olhar. Se o observador não colocar a biografia de Carmézia ou a temática indígena em primeiro plano – e olhar a pintura – descobrirá uma artista jovem, talentosa, que pode nos surpreender positivamente a cada momento e que o País merece conhecer melhor.



[1] Oscar D’Ambrosio, jornalista e mestre em Artes  Visuais    pela   UNESP,   integra   a   Associação      
   Internacional de Críticos de Artes (Aica – Seção Brasil).




PARIXARA

A arte naïf de Carmézia Emiliano



Por Augusto Luitgards (curador)

Escrever sobre a pintura de Carmézia Emiliano demanda, antes de qualquer coisa, conhecer um pouco da história dessa índia Macuxi, uma vez que artista e obra são indissociáveis.

Incentivada, inicialmente, pelo poeta roraimense Eliakin Rufino, ela transpõe para as telas os mitos, as festas da maloca do Japó, onde nasceu, o trabalho de homens e mulheres de sua comunidade e o vínculo com a divindade, por exemplo. 

O universo imagético de Carmézia é fortemente telúrico e sugere ter função dupla: manter a artista ligada permanentemente às suas origens e propiciar ao espectador o acesso a uma cultura muito peculiar. Seus quadros têm cheiro de mato e sabor de néctar.

O observador cuidadoso verá que a rica sintaxe pictórica da artista dialoga com as de artistas naïfs consagrados, tais como Antônio Poteiro e José Antônio da Silva, que têm o poder da síntese, utilizam o espaço de expressão de forma autônoma, são espontâneas e não têm a interferência de aspectos formais acadêmicos, tais como a perspectiva, a composição e a reprodução de cores reais. São essas características que atraem o olhar do espectador e o desafiam a avançar além da contemplação pura e simples para uma interação mais qualificada com a obra. Quem transpuser o limiar do contato superficial saboreará uma obra plena de inventividade e talento.

O título desta exposição não poderia ser outro que não “Parixara”, pois é esse o nome da dança ritualística com que os Macuxi comemoram o sucesso na caça, na pesca e no plantio. A Parixara de Carmézia celebra a dádiva de ela ter o talento de pintar de maneira verdadeira, sem lançar mão de truques com vistas a atrair olhos famintos de beleza. As soluções fáceis são efêmeras. Ela seguirá plantando cores e colhendo sucesso em abundância.

Exposições & Premiações

  • As obras “Dança do Beija Flor” e “Cereia” foram selecionadas e receberam o Prêmio Incentivo, na Bienal Naïfs do Brasil 2010, promovida pelo SESC Piracicaba (SP);

  • Participação da exposição coletiva “Cores da Terra: um olhar sobre a arte naïf brasileira”, realizada na Galeria do Centro Cultural da Casa Thomas Jefferson, no período de 11 a 26 de junho de 2010;

  • Participação, em Brasília,  da mostra coletiva “Artistas Brasileiros – 2008”, organizada pelo Senado Federal, em setembro de 2008;

  • Suas obras “Espremendo Caju” e “Fazendo Panela” enviadas para a Bienal Naïfs do Brasil 2008, promovida pelo SESC Piracicaba (SP), foram  selecionadas para a mostra, sendo que a primeira ganhou menção honrosa;

  • Exposição coletiva “Descobrindo o Brasil Naïf”, com acervo do MIAN – Museu Internacional de Arte Naïf,  realizada no período de 11/05 a 13/06/2007, no Conjunto Cultural da Caixa Econômica Federal, em Brasília;

  • Exposição coletiva “Arte Feminina, Substantiva e Plural”, realizada no Shopping CasaPark, em março/2007;

  • Exposição individual no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), outubro/novembro de 2006. Na ocasião, a pedido da assessoria de comunicação do Palácio, cedeu os direitos de uso de imagens de algumas de suas obras na intranet do órgão;

  • Exposição individual – “Parixara” – Memorial dos Povos Indígenas – Brasília (DF) – setembro/outubro 2006;

  • As duas obras enviadas pela artista à Bienal Naïfs do Brasil 2006 ganharam o prêmio aquisição e passaram a integrar o acervo do SESC SP;

  • Participação na exposição coletiva “Alma Brasileira: Uma mostra em homenagem ao talento muito peculiar dos artistas naïfs”, realizada no shopping CasaPark, em Brasília (DF), em setembro de 2006;

  • Agraciada com o prêmio aquisição das duas obras (Parixara e Lenda do Monte Roraima) enviadas à Bienal Naïfs do Brasil, edição 2006, organizada pelo SESC Piracicaba (SP);

  • Participação na Mostra “Festa no Interior”, realizada no shopping CasaPark de Design e Decoração, em Brasília, em junho/2006;

  • Obtenção do Prêmio de Notoriedade Cultural concedido pelo Governo do Estado de Roraima, em 2003;

  • Participação de mostra coletiva realizada no Paiol da Cultura, em Manaus/AM, em maio 2003;

  • Exposição individual na Fundação Pró-Roraima, em Boa Vista/RR, realizada em abril/2001;

  • Participação da coletiva em homenagem ao dia do pintor e do artista plástico, promovida pela Secretaria de Educação, Cultura e Desportos do Estado de Roraima, no período de 7 a 22/5/1999;

  • Participação da exposição coletiva “Arte Roraima” apresentada em fevereiro de 1998, no Shopping Boa Vista e no SESC/RR;

  • I Salão de Artes Visuais do SESC/RR, em 1996, onde obteve o terceiro lugar;

  • Exposição individual no SESC/RR, em julho/1996;

  • Agraciada com o Prêmio Buriti da Amazônia de Preservação do Meio Ambiente, em 1996, na categoria revelação.

Obras nos seguintes acervos/colecionadores:

  • Memorial dos Povos Indígenas – Brasília (DF)
  • SESC São Paulo (SP)
  • Museu Internacional de Arte Naïf – MIAN – Rio de Janeiro (RJ)
  • Oscar D’Ambrosio
  • Ziraldo
  • Joachim Zahn
  • Cineasta Vladimir Carvalho
  • Embaixador de Israel, Sr. Giora Becher
  • Senador Augusto Botelho
  • Conselheiro Amazonas Brasil
  • Thiago de Mello (poeta)

Referências

ALMA do Norte: Nove bens do patrimônio imaterial brasileiro. Brasília: Eletronorte, 2005.

ARTISTAS brasileiros 2008: Novos talentos: Pinturas. Brasília: Ed. do Senado Federal, 2008.

CATÁLOGO das artes: Biografias. Disponível em:

NAÏFS: Bienal Naïfs do Brasil 2008. São Paulo: Edições SESC/SP, 2008.

NAÏFS [Entre culturas]: Bienal Naïfs do Brasil 2006. São Paulo: Edições SESC/SP, 2006.


CONTATOS


Endereço para correspondência: 
SQS 302 – Bloco I – apt. 503 – Brasília (DF) - CEP 70338-090

Contato em Brasília: 
Augusto Luitgards – tel. (0xx) 61-3323.2493 amourafilho@uol.com.br



Fonte: Material enviado pelo curador Augusto Luitgards