Aproximando-se da pop art, Ilton Silva representa uma corrente que vem crescendo no mundo naif. Assim como Rogério Fernandes, Ilton também pode ser chamado de pop naif.
Auto-didata, pintor, entalhador e escultor, começou pintando paisagens e rostos sempre com forte apelo social. Da infância humilde no Mato Grosso do Sul, trazia os cavalos e as pessoas com quem convivia para as telas. Como diz o colecionador Gilberto Luiz Alves no texto abaixo, ele nunca deixou de celebrar o trabalhador.
Mesmo tendo passado por várias fases e estilos em sua pintura, a série Cores e Mitos, com mulheres pintadas com cores chapadas é a mais representativa de seu estilo.
Com uma produção intensa, Ilton também apresenta uma variedade de temas impressionante. Uma observação atenta nos mostra que ele ora ultrapassa o naif, indo desaguagar em novas variações de seu estilo, ora retorna ao naif, mas sempre com forte acento de arte pop.
Texto: Álvaro Nassaralla
ILTON SILVA
Por Gilberto Luiz Alves
(Colecionador / Professor Universitário)
Ilton Silva é filho de Conceição dos Bugres, consagrada escultora primitivista que criou os bugrinhos em madeira que se tornaram referência cultural do Estado. Ilton Silva em sua trajetória, acumulou sucessivos prêmios nos salões de artes plásticas de Mato Grosso do Sul, tendo realizado ainda exposições individuais na Argentina, Alemanha, em Portugal e nos Estados Unidos.
Embora tenha passado por diversas fases, as pinturas realizadas em sua série Cores e Mitos são a principal marca do trabalho do artista, com mulheres pintadas com cores chapadas, contornos filetados e a moldura de madeira integrada à obra por meio da projeção dos filetados da pintura.
Versátil e criativo, o artista explorou diversos materiais em sua pintura, desde o tradicional pincel e espátula até trapos de pano e algodão.
Atualmente, Ilton Silva mora em Santa Catarina (SC).
Alves escreveu: "A despeito da diversidade formal das diferentes fases pelas quais transitou; a despeito de suas andanças e das influências que foi amealhando mundo afora, nunca abdicou de celebrar o trabalhador. Esta é a peculiaridade que dá unidade ao conjunto de sua obra. Ilton celebra, assim, suas próprias origens fronteiriças, que ganhando o plano da consciência, tornou-o um militante de todas as causas devotadas à transformação da sociedade e à busca de um futuro de maior igualdade entre os homens".
Fonte: Apreciadores de Artes
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
1967 - Campo Grande MT - Individual promovida pela Associação Mato-Grossense de
Artes
1972 - Campo Grande MT - Individual, na Galeria do Hotel Campo Grande
1977 - Cuiabá MT - Individual, na Fundação Cultural do Mato Grosso
1982 - Campo Grande MS - Individual, na Itaugaleria
1984 - Campo Grande MS - Individual, na Itaugaleria
EXPOSIÇÕES COLETIVAS
1968 - Cuiabá MT - Mostra Grupo Jovem Mato-Grossense, promovida pela Associação
Mato-Grossense de Artes
1968 - São Paulo SP - Cinco Artistas de Mato Grosso, na Galeria do Cinema Belas Artes
1969 - Campo Grande MS - Oito Artistas de Mato Grosso, no Galeria do Diário da Serra
1970 - Campo Grande MT - Panorama de Artes Plásticas, promovida pela Associação
Mato-Grossense de Artes
1974 - Cuiabá MT - Mostra inaugural do Museu de Arte e de Cultura Popular, da UFMT
1975 - Cuiabá MT - Panorama de Artes Plásticas em Mato Grosso, no Museu de Arte e de
Cultura Popular, da UFMT
1979 - Campo Grande MS - 1o Salão de Pintura de Mato Grosso do Sul, no Paço Municipal
1979 - Campo Grande MS - 1o Salão do Artista Jovem, no Paço Municipal - sala especial
1980 - Campo Grande MS - 2o Salão de Pintura de Mato Grosso do Sul, no Paço Municipal
1981 - Brasília DF - 3a Marco - Exposição de Artes Plásticas do Mato Grosso do Sul
1981 - Campo Grande MS - Exposição de Artes Plásticas, no Consoja - Congresso de Soja
1981 - Rio de Janeiro RJ - Artistas de Mato Grosso do Sul - Projeto Arco-Íris, na Galeria
Funarte - Rodrigo M. F. de Andrade
1987 - Campo Grande MS - 1a Exposição Itinerante de Artes Plásticas da UFMS, no
Campus de Campo Grande
1987 - Cormbá MS - 1a Exposição Itinerante de Artes Plásticas da UFMS, no Centro
Universitário de Corumbá
1987 - Dourados MS - 1a Exposição Itinerante de Artes Plásticas da UFMS, no Centro
Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais Universitário de Dourados
1987 - Ponta Porã MS - 1a Exposição Itinerante de Artes Plásticas da UFMS, no Campus
Avançado de Ponta Porã
1987 - Três Lagoas MS - 1a Exposição Itinerante de Artes Plásticas da UFMS, no Centro
Universitário de Três Lagoas
1987 - Campo Grande MS - 6o Salão de Artes Plásticas de Mato Grosso do Sul - por uma
identidade ameríndia
1988 - São Paulo SP - Referências Pantaneiras na Pintura de Mato Grosso e de Mato Grosso
do Sul, no Paço das Artes
1990 - Campo Grande MS - Pinturas, na Itaugaleria
1993 - Campo Grande MS - 7o Salão de Artes Plásticas de Mato Grosso do Sul, no
MAC/MS
1994 - Campo Grande MS - 8o Salão de Artes Plásticas de Mato Grosso do Sul, no
MAC/MS - menção especial
"(...) O desenho flui do pincel que muitas vezes é apenas condutor do traço, e livremente vai animando cenas, inventando paisagens, dando formas humanas às montanhas, rostos às pedras, folhas e árvores, numa narrativa quase hieroglífica.
Seu temário é amplo e vasto. Ora faz paisagens inventadas, inspiradas sutilmente em algum ponto ou fato real, sem no entanto se prender a veracidades, ora inventa cenas conotadas com alguma conversa ou algo que lhe tenha impressionado visualmente, em determinado tempo ou hora do dia.
Em todos os quadros ou entalhes há enorme riqueza de detalhes.
A pintura faz parte de seu cotidiano, como espécie de lenitivo para aclarar as idéias. Não consegue começar ou terminar perfeitamente o dia sem antes ter pintado um quadro.
Algumas vezes procura uma integração entre a pintura e o entalhe, utilizando molduras, entalhadas no mesmo processo do desenho, com riscos rápidos cortados no formão e escurecidos com anilinas. Aparecem novamente elementos mais característicos de sua continuidade da pintura, inclusive no próprio colorido. O resultado é surpreendente. Os quadros adquirem então uma característica especial, definindo melhor um estilo inconfundível para o artista.
Nesses momentos felizes, seu trabalho nos envolve na atmosfera mágica de um universo visionário, enigmático e primitivo".
In: FIGUEREDO, Aline. Artes Plásticas no Centro-Oeste. Aline Figueredo.Cuiabá,UFMT, MACP, 1979.
Fonte: Blog Sociedade dos Poetas Amigos
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