segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Iracema

[Iracema Ruffolo Arditi]
1924 - São Paulo - SP
2006 - São Paulo - SP


Começou a pintar, como autodidata, em 1951, depois de exercer várias atividades como a de secretária, jornalista, aeromoça.


Em 1954, expôs no Salão de Arte Baiano, em Salvador. Foi, todavia, na década seguinte que sua carreira deslanchou, a partir de sua primeira exposição individual no Brasil, na Casa da Cultura Francesa, São Paulo, em 1965, a qual foi seguida, no mesmo ano, pela mostra individual na Galeria Herbinet, em Paris.

 


"Bonné Année"
27 x 31cm

1999


Desde então, participou de dezenas de exposições coletivas, no Brasil e no exterior, e realizou cerca de 30 exposições individuais, a maioria fora do Brasil.

 
"État de Grace"22 x 30 cm
1998

No exterior, seu mercado desenvolveu-se sobretudo na França, onde ela expôs individualmente nas galerias Herbinet, Paris (65), Antoniete,Pa ris (67), Camille Renault, Paris (69), Séraphine, Paris (70) , Debret, Paris (74), no Museu Henri Rousseau, Laval (74), Espace Culturei O.P., Lyon (90), Maison deL'Unesco, Paris (90) e Espace Cuiturel Rencontre et Acuueil, Lyon (91). Além disso, Iracema participa com muita regularidade do "Salon d'Automne" a partir de 1967, no Grand Palais, em Paris. 


Apaixonada pela causa naïf, Iracema criou em 1972 em São Paulo o "Museu do Sol", primeiro museu de arte naïf do Brasil e da América Latina, o qual foi transferido em 1978 para a cidade de Penápolis, no interior do Estado de São Paulo, onde continua em pleno funcionamento.

 

"Lavande"
1998

Em 1988, uma seleção de pinturas do acervo do Museu do Sol foi mostrado no Museu de Arte Naïf Max Fourny, em Paris, dentro do programa cultural do "Projeto Brasil- França". 




"Le Matin"
50 x 70 cm

1972
(Coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo)


Pelos serviços prestados à vida cultural de Penápolis, a Câmara Municipal da cidade concedeu Iracema o título "cidadã penapolense", em 1978. Quatro anos antes ela havia sido distinguida com Medalha da Cidade de Laval, França, onde nasceu pintor naïf Henri Rousseau. E, 1985, o governo francês concedeu-lhe grau "Chevalier des Arts et Lettres".

 
"L'Etoile de la Mer"33 x 46cm
1998


Iracema descreve sua obra:


"Sol verde é a luz que envolve minhas paisagens, sejam elas azuis, verdes ou amarelas. Meus telhados dourados ou anilados estão contornados por uma aura verde. Quando pinto, tenho impressão de que "Ele" me toma pelas mãos e juntos saimos passeando. Tomamos caminhos, mas delizamos do que andamos. Nossos olhos vêm montanhas através das asas transparentes de borboletas gigantescas. Entre nós existe cumplicidade maliciosa. Cor, cor... Pinceladas verdes, azuis, amarelas, rosas. Pinto o silêncio, o amor, a alegria, o vento..."



“Paz Suprema”
Óleo sobre tela
24 x 35 cm
1980

Críticas


No site da pintora, encontramos o reconhecimento que recebeu do poeta chileno Pablo Neruda e do crítico de arte Anatole Jakovsky. Além deste último, muitos outros escritores críticos arte escreveram sobre a obra de Iracema. Para José Geraldo Vieira, "Iracema é paisagista de um trópico lírico". O site ainda cita a crítica de José Roberto Teixeira Leite: "Suas pinturas são "evocações saudosas do Jardim Éden, poéticas visões de Hortus Axnoenus, nostálgica reconstituição Paraside Lost".

Como se não bastasse, o próprio escritor Jorge Amada escreveu sobre Iracema: veja o texto abaixo.

"IRACEMA DO BRASIL"


Jorge Amado

Um país vegetal e mágico, paisagem tranqüila com águas mansas de lagos e rios, legiões de enormes borboletas, pequenos pássaros em bando, numa inata sabedoria de cores, eis o mundo de Iracema em quadros cada qual mais repleto de paz. Recordo meu deslumbramento no meu primeiro contato com a pintura da moça paulistana, se não me engano em uma exposição na Galeria Cosme Velho. Essa sensação imediata de paz e amor na visão de um mundo ainda não afetado por toda a corte de desgraças que nos cerca e assassina a cada instante em todos os quadrantes de um mundo sem sentido. Iracema nos restitue a simplicidade, a ternura, uma plenitude de vida.

 

Não por acaso sua pintura emocionou tanto à Pablo Neruda, a ponto de escrever aos ver seus quadros "Fué como presenciar los primeros amores de la tierra." Não por acaso outro grande poeta, o brasileiro Murilo Mendes, afirma recolher-se a um pequeno quadro de Iracema, pendurado na parede de seu estúdio romano, para fugir da ameaça da bomba atômica - na pintura de Iracema aflitos nos refugiamos, oásis da vida em meio às ameaças de morte.

Porque também é poesia a pintura de Iracema onde por vezes flores, borboletas, aves e crianças se fundem feericamente numa transfusão de planos e cores como não houvessem limites para a invenção, para o sonho do artista.


Sonho de flores e folhagens que é ao mesmo tempo realidade concreta pois Iracema pinta o Brasil, aquele Brasil ainda intocado e puro, agora exposto mundo afora pelo talento da pintora para a emoção e a esperança de quantos o descobrem nessas paisagens onde podemos, como ela próprio anunciou "colher nossas flores", Iracema quer apenas nos "oferecer algumas flores". Em verdade, ela nos oferece um universo de amor.





Viva o Rio
1,16m x 2m

1976
(Coleção Privada)


Exposições individuais

1965 - Casa da Cultura Francesa - São Paulo, Brasil
Galeria Herbinet - Paris, França

1966 - Galeria Vernon - Rio de Janeiro, Brasil

1967 - Galeria II Carpine - Roma, Itália
Galeria Antoinette - Paris, França

1968 - Galeria Cosme Velho - São Paulo, Brasil

1969 - Galeria Camille Renault - Paris, França

1970 - Galeria Séraphine - Paris, França
Galeria Petite - Rio de Janeiro, Brasil

1971 - Galeria Cosme Velho - São Paulo, Brasil

1972 - Galeria Barcinski - Rio de Janeiro, Brasil

1973 - Galeria Azulão (Iracema, Especial) - Guarujá, Brasil

1974 - Retrospectiva - Museu Henri Rousseau - Laval, França
Galeria Debret 'Retrospectiva' - Paris, França

1975 - Galeria Documenta - São Paulo, Brasil

1976 - Galeria Jardim das Artes - São Paulo, Brasil
Galeria "Le Petit Trésor" - Balê, Suíça

1977 - Centro Cultural Brasil-Estados Unidos - Santos, Brasil
Galeria Karlen Gugelmeier - Montevideo, Uruguai

1978 - Galeria Spacio - Punta del Este, Uruguai
Galeria de Arte Academus - São Paulo, Brasil

1981 - Galeria de Arte André - São Paulo, Brasil

1982 - Museu do Sol - Penápolis, São Paulo, Brasil

1983 - Galeria de Arte André - São Paulo, Brasil

1986 - Galeria Contemporânea - Ribeirão Preto, Brasil

1987 - Solar do Barão - Jundiaí, Brasil. Etel Arte - Campinas, Brasil

1990 - Espaço Cultural O.P. - Lyon, França
Maison de L'Unesco - Paris, França
Galeria Zangbieri - Bâle, Suíça

1992 - Espaço Cultural Accueil et Rencontre - Lyon França
Maison de France - Cultura Francesa - Lyon, França. França

1994 - Universidade de Heidelberg - Heidelberg, Alemanha
Centro Cultural Germano-lbero - Latino America - Frankfurt, Alemanha
Mês da Pintura Brasileira - Villenes s/ Seine, França

1996 - Banco Central do Brasil - São Paulo

1997 - Galeria Choice - São Paulo

1998 - Bienal de Arte Naif Brasileira, Sala Especial - Piracicaba, São Paulo

1999 - Papéis Preciosos - San Domingo - República Dominicana
Convidada de Honra - Bienal de Arte Naif - Capela são Julien - Laval, França

2000 - Embaixada do Brasil, exposição individual na inauguração do
Espaço Cultural da Embaixada Brasileira em Londres, Inglaterra


Principais exposições coletivas

Salão de Outono - 1967, 1969, 1970, 1971, 1972, 1973, 1975, 1976, 1977, 1978, 1980, 1990 - Grand Palais - Paris, França

1954 - 40º Salão de Arte Baiano - Salvador (Bahia), Brasil

1966
- Primeira Trienal de Pintura Naïf - Bratislava, Iugoslávia
- "Les Peintres Naïfs"- Galeria Argos - Nantes, França
- "Brésil Imprévu" - Maison Jansen - Paris, França
- 30 Salão Nacional - Brasília, Brasil


1967
- Primeira Bienal dos Mestres Contemporâneos- Bernheim Jeune - Paris, França
- "La Vigne et le Vin" - Bordeaux, França
- "La Naiveté dans l'art" - H. Carlton, Cannes, França
- Exposição Inaugural Museu Henri Rousseau - Lavai, França
- Floralies lnternationales - Orleans, França.

1968
- "Le Monde des Naïfs" - Milão, Corregio Ferrara, Itália
- "Les Naïfs" - Galeria Argos - Nantes, França

1969
- Panorama Atual da Arte Brasileira - Museu de Arte Moderna - São Paulo, Brasil
- Visions Naives Pétiques - Toulouse, França
- Una Maga e Doce Naïfs - Galeria Felucca, Roma, Itália
- Primitivos Brasileiros e Estrangeiros - Museu do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil
- O Amarelo e a Pintura - Galeria Cosme Velho - São Paulo, Brasil

1970
- Semana Brasileira - Lyon, França
- "Peintres Naïfs" - Montreuil, França
- "Naïfs" do Brasil - Milão - Spoleto, Itália

1971
- Festival Internacional de Pintura - Cagnes-sur-Mer, França
- Noventa Naïfs - Galeria Felluca - Roma, Itália

1972
- Exposição Inaugural - Galeria Vernissage - Rio de Janeiro, Brasil
- Bienal Internacional de Menton - Menton, França
- "Dans la Danlieue de l'Art" - Museu de Le Mans, França
- Terceiro Encontro Judaiense de Arte - Jundiaí - São Paulo, Brasil
- Semana de Gala da Natureza Morta - São Paulo, Brasil
- Feira Internacional de Artes - Dusseidorf, Alemanha

1973
- Seleção de Pintura Naif Internacional - Galeria Mona Lisa- Paris, França
- Naïfs da América Latina - Centro de Cultura da América Latina - Roma, Milão, Nova Iorque
- Primeira Exposição de Pintura Primitiva - Museu de Arte Carneiro da Silva - Piauí, Brasil

1974
- Les Naïfs de L'Amerique Latine - Bruxelles, Bélgica

1975
- 10º Salão de Arte Internacional - Teerã, Irã
- Primitivos da América Latina - Galeria Bonino - Rio de Janeiro, Brasil.

1976
- Sala Especial na Exposição Internacional de Mestres Ingênuos -Basiléia, Suíça
- Salão Comparaison - Paris, França

1976
- Arte-Mulher - Rio de Janeiro, Brasil
- Inauguração Galeria Emy Bonfim - São Paulo, Brasil
- Litografias de Artistas Europeus - São Paulo, Brasil
- "Les Quatres Saisons" - Galeria Séraphine - Paris, França

1977
- Pintura/Escultura - Museu da Imagem e Som - Rio de Janeiro, Brasil
- Linguagem dos Mestres da Pintura Ingênua - Galeria Suzy Brunner - Zurique, Suíça

1978
- Salão de Artes Plásticas - Penápolis, Brasil
- Pequenas Telas, Grandes Pintores - Galeria Academus - São Paulo, Brasil

1979
- Panorama da Pintura Brasileira - Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil
- Concours D'Art Naive - Galeria Pro Arte Kasper - Morges, Suíça
- Cinco Tendências - Centro Cultural Brasil-Estados Unidos - Santos, Brasil

1981
- Salão de Penápolis - São Paulo, Brasil

1982
- Obras Primas da Pintura Ingênua - Alemanha Paisagens - Museu de Arte Moderna - São Paulo, Brasil

1985
- Pintores Naïfs - Defeuse 4 - Paris, França

1986
- Naïfs da Atualidade - Marselha, França

1987
- Quadros Redondos - G. Grossniau - São Paulo, Brasil
- Arte Brasileira no Século XX - Museu de Arte Moderna - Rio de Janeiro, Brasil
- Naïfs Brésiliens - Musée Max Fournay - Paris, França
- Mois de la Peinture Naive - São Paulo, Brasil

1988
- Seleção de Pintores Ingênuos - Mês da Pintura Ingênua - Museu de Arte de São Paulo, Brasil

1990
- Salão de Outono - Paris, França
- Museu do Sol, Banco Central do Brasil - São Paulo

1991
- Salon D'Hiver - Lyon, França

1992
- Salão Internacional - Piracicaba, São Paulo - Brasil
- Arte Ingênua - Sala dos Consagrados Earth song - Museu Commanderie d'Unet, França
- Sala dos Consagrados - Salão de Jundiaí, São Paulo

1998
- Cinco Expressões da Arte Brasileira - Banco Central do Brasil.
- São Paulo Futebol na Arte - Galeria André - São Paulo
- Sala Especial na Bienal de Arte Naif Brasileira - SESC - Piracicaba

1999
- Papéis Preciosos - Santo Domingos - República Dominicana
- Sala Especial na 2ª Bienal de Arte Naïf - Laval - França


Fonte:
www.iracema.org



Entrevista sobre o seu processo criativo (EM FRANCÊS)

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