[Nelson Mattos]
Rio de Janeiro, RJ
25/7/1924
Mesmo como pintor de paredes, Nelson Sargento desde cedo lidou com tintas. Pintando a casa do crítico de música e arte Sérgio Cabral, teve a ideia de começar a fazer arte.
Cabral então estimulou Sargento em sua primeira exposição e deu o primeiro empurrão organizando a vernissage em sua casa. Nada menos que Paulinho da Viola foi seu primeiro comprador.
Na Revista Brasileiros encontramos uma breve descrição de como foi a exposição inicial pelo próprio artista:
“Minha primeira galeria foi o apartamento de Sérgio Cabral no seu aniversário em 1973. Sete quadros. Meu primeiro trabalho foi abstrato, com massa plástica, técnica que descobri com os respingos no chão. Hoje está com Paulinho da Viola, que se apavora quando digo que quero o quadro de volta. Fui fazendo meus quadrinhos até que me padronizei. Todo pintor chega a isso quando encontra um estilo que gosta, ou gostam. Caso do Volpi, um grande paisagista que ficou marcado pelas bandeirinhas. Pinto mesmo. A Eni falou do show aqui com a exposição e eu só tinha cinco quadros, eram necessários 27. Aí vai viola. Pintei 22.”
Grupo sambistas-pintores Nélson Sargento, Heitorzinho dos prazeres, Sérgio Vidal e Wanderley Caramba (esq. p/direita) |
No jornal A Nova Democracia, ele diz: "— Eu gosto de pintar os morros, as escolas de samba, os ritmistas, as baianas. Esse é o tema da minha pintura".
A força da pintura de Nelson Sargento está exatamente no exercício da não-força, da simplicidade com que retrata a vida, sem redundância, simples das pessoas e da vida cotidiana do Rio de Janeiro.
Mas o que é a arte senão uma busca eterna pela alma, pela expressão e síntese de todo um povo? Quando encontramos isso de uma forma tão clara, aí encontramos o que Sargento representa em suas telas: o imaginário carnavalesco e a 'raça' brasileira, tão miscigenada e rica.
Texto: Álvaro Nassaralla
Fonte: Revista Brasileiros
Fonte das Imagens: Grupo Sambistas Pintores
Veja também Wanderley Caramba, componente do grupo "Sambistas Pintores".
Maravilha. Pena que não soube na época sobre essa linda exposição do Nelson Sargento e dos outros sambistas pintores.
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