segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Alejandro Pinzón: A colômbia em seu esplendor interiorano


Data de nascimento: 1971
Local: Charalá, Santander del Sur (COLÔMBIA) 
Vive em Nova York (EUA)


Muito presente na obra do colombiano Alejandro Pinzón está o típico e acolhedor vilarejo da América espanhola. Ele diz que se baseia no seu amado lugar de nascimento, que tem o simpático nome de Charalá. 

Fizemos uma breve entrevista com o pintor e mais abaixo encontra-se o link para seu site que tem todos os detalhes da carreira do hermano colombiano, que está sediado em nova York (EUA).


"Un largo camino"
1) Como e quando começou a pintar?


Eu comecei a pintar desde que tenho o uso da razão lá pelos 8 anos. Ganhei meu primeiro prêmio na escola, quando cursava a 4ª série do primário, mas eu já desenhava antes. Nessa idade você nunca pensa em ser um artista consagrado, porque as pessoas estão dizendo que você tem que estudar uma carreira como advogado, médico ou engenheiro, menos ser um artista.


2) Como descobriu a arte naif ou esse foi um caminho intuitivo?


Esse estilo de pintura foi o que eu vi pela primeira vez ao vivo na oficina do meu professor Manolo Diaz em Charalá, minha cidade natal, e a partir desse momento eu disse isso é o que queria pintar. Acredito que a arte naif está dentro de todos nos, só que não descobrimos ou não desenvolvemos. É por isso que acredito que somos artistas em potencial.



"Palanquera"
3) Como descreve suas principais fontes de inspiração?


A inspiração está lá em qualquer lugar. No meu caso, eu confio em memórias, relatos, costumes, folclore, a vida cotidiana, histórias, enfim, tudo, até a falta de inspiração produz temas.


4) Os temas de suas pinturas são baseados em sua cidade natal?


Sim, meu vilarejo faz parte dos temas de minhas obras, todas levam a algum rincão de Charalá.


5) A Colômbia está muito presentes em seus trabalhos. São de sua infância, de viagens ou de sua imaginação?


"Dia de descanso"
Meus personagens são de tudo um pouco, conhecidos, imaginários e inventados. Caracterizo-os pela vestimenta que utilizavam pelo início do século passado. é como auma homenagem aos que se foram.







Clique aqui para site do artista Pinzón com biografia, premiações, exposições e diversos trabalhos.



"Ensalada de frutas para un toche",
100 X 70 cm


"Feliz Navidad",
40 cm x 50 cm


"Mirando al futuro,
40 x 50 cm


"Neugatas",
30 x 40 cm

* Imagens enviadas e de propriedade do artista.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Carmézia Emiliano



Data de Nascimento: 20.04.1960


Naturalidade: 

Maloca do Japó – Normandia – RORAIMA (Brasil)


Formação

A artista começou a pintar de maneira autodidata. Em setembro de 2006, fez workshops de pintura e desenho no Atelier MM, em Brasília (DF). Quando de sua viagem para receber o prêmio aquisição da Bienal Naïf do SESC Piracicaba, em setembro de 2006, teve sua obra avaliada pelos marchands Jacques Ardies e Roberto Rugiero e pelo crítico de arte Oscar D’Ambrosio. Ainda em setembro de 2006, recebeu orientações do consagrado artista naïf Waldomiro de Deus. O artista naïf Clóvis Júnior também orientou a artista, em 2008.





















Carmézia Emiliano

A arte de ver
Oscar D’Ambrosio[1]


Observar uma obra de arte é um exercício de liberdade do olhar. Quanto mais fiel a um padrão ou limitada a certos conceitos, a pessoa pode perder a grandeza de um trabalho plástico. Saber ver significa buscar o novo a cada instante e manter a humildade e a ingenuidade do frescor do olhar.

A obra de Carmézia Emiliano exige esse prazer associado a uma liberdade total de preconceitos. Não é tarefa fácil, numa sociedade em que os rótulos se espalham como pragas de gafanhotos. Antes de mesmo dizer se apreciam ou não um trabalho, existe, para muitos, uma obrigação didática de classificação que pode reduzir a alegria do olhar a uma dimensão próxima do zero absoluto.

Essas considerações se fazem necessárias para que a pintura de Carmézia Emiliano seja vista enquanto obra artística. O fato de ser uma pintora índia não a torna mais ou menos importante. O essencial está naquilo que se vê – e essa capacidade de ver será mais produtiva quanto mais fiel a si mesma.

Se o observador olhar a pintura de Carmézia apenas como o resultado da trajetória de uma índia Macuxi pintora que, antes de mudar-se para a capital, passou anos de sua vida na Maloca do Japó, em Normandia, Estado de Roraima, pode se perder na dimensão antropológica. O dado é importante, claro, assim como o ano de seu nascimento, 1960, como contribuição à visualização, mas não pode ser o elemento direcionador do ato de ver.

A temática ligada a mitos e festas presente nas obras em óleos sobre tela também não pode passar despercebida, mas não define a questão da importância da pintura da artista. Ela leva para a tela o que vê e vive, assim como os artistas paulistanos retratam o movimento da metrópole e muitos do interior paulista e do Nordeste se debruçam sobre plantações e colheitas de todos os tipos de produto.

Há em Carmézia um peculiar aproveitamento do espaço. Ao não ter comprometimento com o realismo, compõe suas cenas de temática indígena ou de animais da Amazônia com uma lógica própria. Fiel a si mesma, reinventa o que vê com uma liberdade de composição e de proporção que valoriza os elementos que julga necessários em cada trabalho.

Agraciada com o Prêmio Buriti da Amazônia de Preservação do Meio Ambiente, em 1996, na categoria revelação, e com o prêmio aquisição das duas obras enviadas à Bienal Naïfs do Brasil, edição 2006, organizada pelo SESC Piracicaba (SP), Carmézia comporta um desafio.

Progressivamente, ao travar contato com o mundo da arte e conhecer outras obras e pintores – já que o seu nível de referência é hoje bastante reduzido –, terá que assimilar essas novas informações e valores ao seu atual domínio técnico e plástico. Nesse momento, a artista precisa falar mais alto, de modo que a pintora índia seja mais importante que a índia pintora.

Se Carmézia se colocar cada vez mais como pintora, independendo da etnia, verá o deslumbrar de sua capacidade de composição percorrer os mais variados campos visuais. Assim, o mencionado aproveitamento do espaço que a artista tem hoje poderá cada vez mais encontrar assuntos ricos em imagens.

Nesse sentido, ser pintora, para a artista de Roraima, é um desenvolvimento natural de sua capacidade de ver e manusear os pincéis com tinta a óleo. Cada imagem que ela cria é um universo. Vê-lo é um exercício pessoal da mencionada liberdade do olhar. Se o observador não colocar a biografia de Carmézia ou a temática indígena em primeiro plano – e olhar a pintura – descobrirá uma artista jovem, talentosa, que pode nos surpreender positivamente a cada momento e que o País merece conhecer melhor.



[1] Oscar D’Ambrosio, jornalista e mestre em Artes  Visuais    pela   UNESP,   integra   a   Associação      
   Internacional de Críticos de Artes (Aica – Seção Brasil).




PARIXARA

A arte naïf de Carmézia Emiliano



Por Augusto Luitgards (curador)

Escrever sobre a pintura de Carmézia Emiliano demanda, antes de qualquer coisa, conhecer um pouco da história dessa índia Macuxi, uma vez que artista e obra são indissociáveis.

Incentivada, inicialmente, pelo poeta roraimense Eliakin Rufino, ela transpõe para as telas os mitos, as festas da maloca do Japó, onde nasceu, o trabalho de homens e mulheres de sua comunidade e o vínculo com a divindade, por exemplo. 

O universo imagético de Carmézia é fortemente telúrico e sugere ter função dupla: manter a artista ligada permanentemente às suas origens e propiciar ao espectador o acesso a uma cultura muito peculiar. Seus quadros têm cheiro de mato e sabor de néctar.

O observador cuidadoso verá que a rica sintaxe pictórica da artista dialoga com as de artistas naïfs consagrados, tais como Antônio Poteiro e José Antônio da Silva, que têm o poder da síntese, utilizam o espaço de expressão de forma autônoma, são espontâneas e não têm a interferência de aspectos formais acadêmicos, tais como a perspectiva, a composição e a reprodução de cores reais. São essas características que atraem o olhar do espectador e o desafiam a avançar além da contemplação pura e simples para uma interação mais qualificada com a obra. Quem transpuser o limiar do contato superficial saboreará uma obra plena de inventividade e talento.

O título desta exposição não poderia ser outro que não “Parixara”, pois é esse o nome da dança ritualística com que os Macuxi comemoram o sucesso na caça, na pesca e no plantio. A Parixara de Carmézia celebra a dádiva de ela ter o talento de pintar de maneira verdadeira, sem lançar mão de truques com vistas a atrair olhos famintos de beleza. As soluções fáceis são efêmeras. Ela seguirá plantando cores e colhendo sucesso em abundância.

Exposições & Premiações

  • As obras “Dança do Beija Flor” e “Cereia” foram selecionadas e receberam o Prêmio Incentivo, na Bienal Naïfs do Brasil 2010, promovida pelo SESC Piracicaba (SP);

  • Participação da exposição coletiva “Cores da Terra: um olhar sobre a arte naïf brasileira”, realizada na Galeria do Centro Cultural da Casa Thomas Jefferson, no período de 11 a 26 de junho de 2010;

  • Participação, em Brasília,  da mostra coletiva “Artistas Brasileiros – 2008”, organizada pelo Senado Federal, em setembro de 2008;

  • Suas obras “Espremendo Caju” e “Fazendo Panela” enviadas para a Bienal Naïfs do Brasil 2008, promovida pelo SESC Piracicaba (SP), foram  selecionadas para a mostra, sendo que a primeira ganhou menção honrosa;

  • Exposição coletiva “Descobrindo o Brasil Naïf”, com acervo do MIAN – Museu Internacional de Arte Naïf,  realizada no período de 11/05 a 13/06/2007, no Conjunto Cultural da Caixa Econômica Federal, em Brasília;

  • Exposição coletiva “Arte Feminina, Substantiva e Plural”, realizada no Shopping CasaPark, em março/2007;

  • Exposição individual no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), outubro/novembro de 2006. Na ocasião, a pedido da assessoria de comunicação do Palácio, cedeu os direitos de uso de imagens de algumas de suas obras na intranet do órgão;

  • Exposição individual – “Parixara” – Memorial dos Povos Indígenas – Brasília (DF) – setembro/outubro 2006;

  • As duas obras enviadas pela artista à Bienal Naïfs do Brasil 2006 ganharam o prêmio aquisição e passaram a integrar o acervo do SESC SP;

  • Participação na exposição coletiva “Alma Brasileira: Uma mostra em homenagem ao talento muito peculiar dos artistas naïfs”, realizada no shopping CasaPark, em Brasília (DF), em setembro de 2006;

  • Agraciada com o prêmio aquisição das duas obras (Parixara e Lenda do Monte Roraima) enviadas à Bienal Naïfs do Brasil, edição 2006, organizada pelo SESC Piracicaba (SP);

  • Participação na Mostra “Festa no Interior”, realizada no shopping CasaPark de Design e Decoração, em Brasília, em junho/2006;

  • Obtenção do Prêmio de Notoriedade Cultural concedido pelo Governo do Estado de Roraima, em 2003;

  • Participação de mostra coletiva realizada no Paiol da Cultura, em Manaus/AM, em maio 2003;

  • Exposição individual na Fundação Pró-Roraima, em Boa Vista/RR, realizada em abril/2001;

  • Participação da coletiva em homenagem ao dia do pintor e do artista plástico, promovida pela Secretaria de Educação, Cultura e Desportos do Estado de Roraima, no período de 7 a 22/5/1999;

  • Participação da exposição coletiva “Arte Roraima” apresentada em fevereiro de 1998, no Shopping Boa Vista e no SESC/RR;

  • I Salão de Artes Visuais do SESC/RR, em 1996, onde obteve o terceiro lugar;

  • Exposição individual no SESC/RR, em julho/1996;

  • Agraciada com o Prêmio Buriti da Amazônia de Preservação do Meio Ambiente, em 1996, na categoria revelação.

Obras nos seguintes acervos/colecionadores:

  • Memorial dos Povos Indígenas – Brasília (DF)
  • SESC São Paulo (SP)
  • Museu Internacional de Arte Naïf – MIAN – Rio de Janeiro (RJ)
  • Oscar D’Ambrosio
  • Ziraldo
  • Joachim Zahn
  • Cineasta Vladimir Carvalho
  • Embaixador de Israel, Sr. Giora Becher
  • Senador Augusto Botelho
  • Conselheiro Amazonas Brasil
  • Thiago de Mello (poeta)

Referências

ALMA do Norte: Nove bens do patrimônio imaterial brasileiro. Brasília: Eletronorte, 2005.

ARTISTAS brasileiros 2008: Novos talentos: Pinturas. Brasília: Ed. do Senado Federal, 2008.

CATÁLOGO das artes: Biografias. Disponível em:

NAÏFS: Bienal Naïfs do Brasil 2008. São Paulo: Edições SESC/SP, 2008.

NAÏFS [Entre culturas]: Bienal Naïfs do Brasil 2006. São Paulo: Edições SESC/SP, 2006.


CONTATOS


Endereço para correspondência: 
SQS 302 – Bloco I – apt. 503 – Brasília (DF) - CEP 70338-090

Contato em Brasília: 
Augusto Luitgards – tel. (0xx) 61-3323.2493 amourafilho@uol.com.br



Fonte: Material enviado pelo curador Augusto Luitgards