sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O mundo fascinante dos Pintores Naifs. (Sinopse do acervo do futuro Museu Internacional de Arte Naif do Brasil – MIAN)


Fábio Sombra
Retratando o MIAN - RJ


Antes da fundação do Museu Internacional de Arte Naif do Brasil – MIAN, seu fundador Lucien Finkelstein realizou a exposição “O mundo fascinante do pintores Naifs”, no Paço Imperial (Praça XV – RJ), de 15/dez/1988 a 19/fev/1989.

A exposição gerou o livro de mesmo nome, contendo a Sinopse do acervo do futuro Museu Internacional de Arte Naif do Brasil – MIAN), que viria a ser inaugurado em 1995, quando Lucien adquiriu o casarão do Cosme Velho - RJ.

Do livro em questão é que extraímos o seguinte prefácio, escrito por nada menos que Jorge Amado. Segue a transcrição:


 



“Uma paixão não se explica, vive-se. Assim é a minha paixão pela pintura Naif”, escreve Lucien Finkelstein.

Posso acrescentar que a paixão de Lucien pela pintura Naif explica o porque da exposição que agora se realiza, o livro sobre Miranda e o museu em organização, uma verdadeira cruzada para dar a pintura primitiva brasileira o lugar que lhe é devido no panorama de nossa arte e que, por preconceito elitista, sempre lhe é negado.

Sou daqueles que acham que a única pintura – falo de ´pintura, não de gravura e desenho – brasileira que possui caráter realmente nacional e se expressa numa forma decorrente de nossa cultura mestiça, é a pintura Naif, ingênua, nativa, primitiva – cada um escolha a designação que lhe pareça melhor. O resto – peço perdão mas é verdade – é escola de Paris transposta para a circunstância brasileira.


Lia Mittarakis
1983


Não temos, como a têm os mexicanos, uma escola nacional de pintura, somos cópia, por vezes excelente, por vezes com a marca da cor e do sentimento brasileiro, mas copia da Escola de Paris. Excetuam-se os primitivos e primitivos são alguns dos maiores mestres brasileiros , se bem se oculte tal característica como coisa feia, menor, limitadora.

Sei de artistas primitivos brasileiros que se sentem profundamente ofendidos se alguém chama a atenção para a qualidade Naif de sua pintura. Que se há de fazer? O mundo é assim, feito de vaidades tolas, de equívocos culturais.

Felizmente existem pessoas como este colecionador Lucien Finkelstein, capazes de perceber e de se apaixonar pela criação extraordinária dos primitivos brasileiros. Começou por colecionar, escreveu livro, agora expôe quadros dos mestres e prevê para breve a criação de um museu que reúne o melhor de nossa pintura Naif, ou seja de nossa melhor pintura brasileira. \Merece, assim, nosso apoio e nosso aplauso.

Jorge Amado

Fonte: “O mundo fascinante dos Pintores Naifs. (Sinopse do acervo do futuro Museu Internacional de Arte Naif do Brasil – MIAN)



terça-feira, 14 de agosto de 2012

Sidney Nofal


[Sidney Fernando Nofal]

7 de Novembro de 1954

Vive em Campo Grande - MS

Nofal é artista plástico, poeta e escritor. Suas telas revelam uma realidade da roça pantaneira que o Brasil muitas vezes desconhece.

Por exemplo, na tela abaixo, ele retrata a Alça-prima, carro de bois usado para transportar madeira nas regiões pantaneiras.



Alça-Prima


Ou ainda, cria essa fascinante Santa Ceia no Pantanal, demonstrando a força da região geográfica sobre o imaginário de seus habitantes.



"Santa Ceia no Pantanal"


Nofal não deixa de fora as festas com temáticas juninas, em "Montando a Fogueira", espelhando toda a alegria que envolve a preparação de uma típica festa do interior.

 

"Montando a fogueira" 

(Vendido) 

Galeria - C. Grande - MS
 
Outra bela composição é a tela "No tempo do Trem", onde a planície pantaneira serve de cenário para um lugarejo onde Marias-fumaça trilham seu caminho. O detalhe fica com a placa (no centro, abaixo) com o nome da estação: 'Estação Saudade'.

"No tempo do Trem"


"Festa na roça"
Óleo s/ tela
50 cm X 60 cm
Foto: David Majella


Festa Patronal
Catalogado na Bienal Naif - Piracicaba - SP (1998)



"Destruição ... Ainda nos tempos do carro de bois"

(Vendido: Assuncion - Paraguai)



"Festa Tradicional do Paraguai"


sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Maria Auxiliadora da Silva


 
1935 – Campo Belo (MG)
1974 – São Paulo (SP)


Um cometa das artes

por Oscar D'Ambrosio


Os cometas fascinam o ser humano pelas aparições freqüentemente inesperadas e, às vezes, espetaculares. É esse o caso da artista plástica Maria Auxiliadora da Silva, que pintou apenas sete anos, entre 1967 e 1974, mas conquistou um espaço eterno entre os maiores primitivistas brasileiros, enfocando desde o carnaval até a própria morte, passando por procissões, danças populares e cenas da vida doméstica e rural..



"Plantação" (Plantation)
Oil and mixed media on canvas
50.2 x 40.3 cm
1971

Museum of Fine Arts, Boston.

The John Axelrod Collection -
Frank B. Bemis Fund and Charles H. Bayley Fund.


Bailes e festas caipiras também integram o universo imagético de Maria Auxiliadora, que realizou ainda tocantes auto-retratos, principalmente perante a proximidade da morte, por câncer generalizado, em 1974, após uma luta intensa que deixou retratada em uma obra, que vai do ingênuo ao trágico em menos de uma década.





Maria Auxiliadora nasceu em 24 de maio de 1935, em Campo Belo, MG, numa família de 18 irmãos, gerados por Dona Maria, uma humilde bordadora, que acumulava ainda as funções de dona-de-casa, escultura e pintora. Nascida em Sorocaba, SP, e casada com um trabalhador braçal de estrada de ferro, ela migrara para a cidade mineira, onde tivera os primeiros filhos, entre eles Auxiliadora, que veio com a mãe e os irmãos para São Paulo, todos atraídos pelas promessas de prosperidade que a capital paulista oferecia.



"Auto Retrato com Anjos"
Técnica Mista
70 cm x 50 cm
1972

A vida na cidade foi bastante dura. Auxiliadora, ainda criança, mostra uma inclinação natural para tingir os fios que a mãe borda para fora e, com 11 anos, já desenhava, com carvão, figuras nos muros. Absorta nessa atividade esquecia muitas vezes de olhar as panelas no fogo e a comida da família queimava.

Como freqüentou a escola apenas um par de anos, Auxiliadora somente teve trabalhos humildes, como doméstica ou passadora. Para piorar sua saúde era frágil e, aos 22 anos, teve de ser submetida a uma primeira cirurgia. Foi em 1967 que ela decidiu se dedicar integralmente à pintura, trabalhando com determinação na casa dos pais e, depois, na própria casa.


"Parque de Diversões"
Técnica Mista
140 cm X 140 cm


Sem conhecer perspectiva ou claro-escuro, bem dentro dos princípios dos artistas autodidatas, Auxiliadora foi aprimorando sua arte. No fim dos anos 1960, juntou-se, com outros integrantes da família, pintores, como o escultor Vicente de Paula e o pintor João Cândido, ao grupo que girava em torno do músico, teatrólogo e poeta negro Solano Trindade, no Embu das Artes, SP, onde se formara um centro de artesanato, principalmente de cultura e arte de origem africana.

Com o passar dos anos, o Embu foi dominado pelos hippies e por artistas mais preocupados com os preços do que com a qualidade do trabalho artístico. Descontente com a situação, Auxiliadora retornou à Capital e passou a expor seus trabalhos na Praça da República. Conheceu então o físico e crítico de arte Mário Schemberg, que a apresentou ao cônsul dos EUA Alan Fisher. Este último organizou, em 1971, com sucesso, uma exposição da artista na galeria USIS do Consulado, em São Paulo.





A notoriedade, porém durou pouco e Auxiliadora continuava sendo admirada apenas por alguns artistas primitivistas, como Ivonaldo e Crisaldo Moraes. Em 1972, aos 37 anos, Auxiliadora finalmente realizou o desejo de voltar a estudar, inscrevendo-se no Centro de Alfabetização de Adultos, universo que também retratou em seus trabalhos. Mostra, com crueza, a realidade dos cursos noturnos, repleta de alunos cansados e sonolentos lutando com letras e números.

Mas a passagem do cometa Maria Auxiliadora estava fadada a ser rápida. Após uma dolorosa batalha contra o câncer, que a levou a ser operada seis vezes nos últimos dez meses de vida e a recorrer a medicamentos tradicionais, a artista faleceu em 20 de agosto de 1974, de câncer generalizado, após tentar a medicina, centros espíritas e candomblé.





Três anos depois, a editora italiana Giulio Bolaffi publicou, numa edição com texto em quatro idiomas, o livro Maria Auxiliadora da Silva, com textos de Max Fourny, diretor do Museu de Arte Naïf de l’Ile, França; Emanuel von Lauenstein Massarani, adido cultural do Brasil na Suíça, que coloca a artista na fronteira entre a arte primitivista e a arte bruta, ou seja, aquela praticada fora do condicionamento cultural e do conformismo social; e Pietro Maria Bardi, então diretor do Museu de Arte de São Paulo.

Coube ao marchand alemão Werner Arnhold, no final da década de 1970, colaborar definitivamente para que Auxiliadora alcançasse renome na Europa, levando seus trabalhos de feiras de arte e exposições na Basiléia, Dusseldorf e Paris. A crítica internacional logo ficou fascinada pela forma como trabalhava as cores e as temáticas tipicamente brasileiras.

A variedade temática é um dos pontos mais interessantes de Auxiliadora, que parece fazer uma crônica daquilo que via. Utilizava tinta acrílica de cores geralmente fortes, como vermelho e amarelo, e salientava partes do corpo humano e das paisagens, utilizando cabelo de verdade pintado ou uma massa de espessura variável, cujo modo de fazer nunca revelou a ninguém.

O que mais fascina nos trabalhos de Maria Aparecida é a forma de trabalhar a cor branca. Os vestidos de escolas de samba, bailes ou festas de maracatu ou divindades do candomblé apresentam rendas e as casas cortinas em relevo e uma sutil transparência. O mesmo ocorre numa tela comoAuto-retrato com flores, no qual as rendas estão no vestido e na touca que cobre a cabeça da pintora.

Auxiliadora colocava muitas vezes legendas em seus quadros, como se fossem desenhos animados, seja na boca de um sanfoneiro de festa junina ou de uma cena de candomblé. Outro aspecto curioso de seu padrão artístico é uma tela comoNatureza morta, em que , sobre uma mesa sem perspectiva, elementos de uma refeição, como macarronada, feijoada, vinho doce,pão, frango, farofa, carne assada e arroz surgem com os nomes escritos nos respectivos pratos ou garrafas. Nessa mesma linha diferenciadora de seu trabalho, é comum que, nas cenas de interiores, Auxiliadora coloque nas paredes quadros de sua própria autoria.

A artista também tinha uma forma diferente de negociar seus quadros. Se a norma é cobrar preços maiores por pinturas de maiores dimensões, ela tinha seus próprios parâmetros, estabelecendo valores pelo tempo que demorava em pinta-los ou pela qualidade que atribuía a cada um deles. Esses critérios, muito peculiares, mostram consciência do valor do seu trabalho e de que ele devia ser vendido pelo esforço realizado e pelo resultado obtido, não pelos centímetros quadrados que ocupava.

Nos dois últimos anos de vida, Auxiliadora desenvolveu uma faceta muito peculiar. Em sua luta pela vida, nunca parou de pintar, registrando cenas de extrema-unção, hospitais, ambulâncias, velórios e enterros, além de um comoventeAuto-retrato com anjos, no qual seres divinos nus, sobre um fundo azul claro, rodeiam, com uma grinalda de flores brancas e vermelhas, a pintora em seu ofício, criando, no cavalete, uma cena rural. Os anjos trazem tintas, pincéis e quadros, compondo um testamento poético primitivista de amor à arte.

A maior prova de que a arte foi, para Maria Auxiliadora da Silva, um ato de resistência à morte está no desenho inacabado encontrado embaixo de seu travesseiro de seu leito de morte. Autora de alegres festas e colheitas extremamente coloridas; de festas juninas com fogueiras de chamas dinâmicas em vermelho, laranja, amarelo e verde; e quadros em que as figuras humanas choram, seja vendo uma novela pela televisão na sala, em auto-retratos ou em aulas de alfabetização noturnas para adultos, ela foi uma lutadora até o último momento.

Tal qual um cometa, de passagem rápida, muito esperada e inesquecível, cada imagem pujante criada por Maria Auxiliadora da Silva, artista nunca acomodada, seja na técnica muito pessoal, nos temas variados ou no amor à vida, é um documento de uma passagem luminosa, mas infelizmente fugaz pelo mundo das artes.


Fonte: Artcanal - Oscar D´Ambrosio




Mista sobre papel
0,47 cm x 0,61 cm
Escritório Cristina Jafet

domingo, 5 de agosto de 2012

Iaponi

[Iaponi Araujo]

1942 - São Vicente RN
1996 - Rio de Janeiro RJ


Pintor, desenhista, ilustrador

Autodidata em pintura


s.d. - Ilustra o livro As Festas Brasileiras pelos Pintores Populares de Geraldo Edson de
Andrade


1950 - Muda-se para Natal

1962 - Participa da organização do Museu de Arte Popular da Cidade de Natal

1967 - Fixa residência no Rio de Janeiro

1970 - Viaja para Londres onde permanece até 1972

 

A Donzela Theodora
Acrílica s/ tela
50 x 60 cm


Exposições Individuais


1963 - Natal RN - Individual, na Galeria de Arte da Prefeitura de Natal

1963 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Vila Rica

1964 - Natal RN - Individual, na Galeria de Arte da Prefeitura de Natal

1965 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Vila Rica

1965 - Natal RN - Individual, na Galeria Xaria

1967 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria 64

1968 - Montevidéu (Uruguai) - Individual, no Salão dos Amigos da Arte



Boi Calemba de Parnamirim
óleo s/ tela, ass. inf. dir.
88 x 118 cm


1968c. - Houston (Estados Unidos) - Individual, na Courtney Gallery

1969 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie

1970 - Londres (Inglaterra) - Individual, na Embaixada do Brasil

1971 - Paris (França) - Individual, na Galeria Debret

1971 - Munique (RFA) - Individual, na Samlung Holzinger

1971 - Roma (Itália) - Individual, na Galeria da Embaixada do Brasil



“João Cambadinho no Reino de Deus”


1972 - Milão (Itália) - Individual, no Instituto Ítalo-Brasileiro de Cultura

1973 - Genebra (Suíça) - Individual, na Galeria Tripitique

1973 - Natal RN - Individual, no Salão de Exposições da Fundação José Augusto

1975 - Porto Alegre RS - Individual, na Galeria IAB

1977 - Porto Alegre RS - Individual, na Galeria IAB

1978 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria B-75 Concorde



Fontes de Pesquisa
- AQUINO, Flávio de. Aspectos da pintura primitiva brasileira = Aspects of Brazilian primitive painting. trad. Tradução de Richard Spock.

- Apresentação de Geraldo Edson de Andrade. Rio de Janeiro: Spala, 1978.

- ARDIES, Jacques. A Arte naif no Brasil. Texto Geraldo Edson de Andrade. São Paulo: Empresa das Artes, 1998.

- AYALA, Walmir, SEFFRIN, André (org.). Dicionário de pintores brasileiros. Coordenação editorial Marildes Rocio Artigas Santos. 2.ed. rev. Curitiba: UFPR, 1997.

- BRASIL: arte do Nordeste. Introdução de Artur Benevides. Editado por Paulo Lyra. Textos de Carlos de Lima et al. Rio de Janeiro: Spala, 1986.

- CAVALCANTI, Carlos; AYALA, Walmir, org. Dicionário brasileiro de artistas plásticos. Apresentação de Maria Alice Barroso. Brasília: MEC/INL, 1973-1980. (Dicionários especializados, 5).

- FESTA de cores. Apresentação de Pietro Maria Bardi. São Paulo: MASP, 1975.
- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.

- LOUZADA, Júlio. Artes plásticas: seu mercado, seus leilões. São Paulo: J. Louzada, 1984-.
- PONTUAL, Roberto. Arte/Brasil/hoje: 50 anos depois. São Paulo: Collectio, 1973.
- PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Apresentação de Antônio Houaiss. Textos de Mário Barata et al. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.



"Tentações de José Leão: Dinheiro, Mulher e Jogo"
Acrílica s/ tela
60 x 82 cm



Exposições Coletivas

1963 - Salvador BA - Civilização do Nordeste, no Museu de Arte Popular da Bahia

1964 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna

1965 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna - Certificado de Isenção de Júri

1965 - Natal RN - Arte Popular do Rio Grande do Norte

1965 - Natal RN - Pintores do Nordeste

1965 - Natal RN - Coletiva, na Galeria Xaria

1966 - Natal RN - Coletiva, na Fenorte

1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1969 - Rio de Janeiro RJ - 18º Salão Nacional de Arte Moderna

1970 - Londres (Inglaterra) - Coletiva, na Tooth Gallery e na Portal Gallery

1970 - Brescia, Milão (Itália), Genebra (Suíça), Barcelona (Espanha), Viena (Áustria) e Lisboa (Portugal) - Exposição itinerante Arte Brasileira Contemporânea organizada pelo
Itamarati

1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1971 - Barcelona (Espanha) - 1º Congresso Hispano-Americano de Arte, na Galeria Gaudi

1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 Anos Depois, na Galeria Collectio

1973 - Rio de Janeiro RJ - 22º Salão Nacional de Arte Moderna

1974 - Bruxelas (Bélgica) - Panorama da Pintura Brasileira, Brazil Export

1975 - São Paulo SP - Festa de Cores, no Masp

1976 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna

1977 - Bologna (Itália) - Feira Internacional de Arte

1979 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Jacques Ardies

1985 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Jacques Ardies




O Desfile do Bloco Coã Coroado
Óleo s/ tela

90 x 110 cm


Textos críticos

"Iaponi é uma das mais espontâneas e vivas expressões contemporâneas na Pintura Brasileira, na geração da vanguarda vital. É um elemento sugestivo e completo para o
entendimento dessa atividade artística. Realiza, simultaneamente, imaginação, pela escolha motivadora, elaboração mental no plano interpretativo, eleição dos processos de técnica pictórica, e documentação pela transmissão imediata e fiel de um aspecto característico da Cultura Popular do Brasil.

Sua liberdade de fixação não desfigura ou deforma o modelo
inspirador. Antes o projeta com mobilidade surpreendente, num conjunto de movimento onde a naturalidade sugere a própria visão dinâmica da Realidade. Fidelidade ao pormenor distintivo, ao ornato típico, à minúcia saliente. Atinge a superfície documental constatadora e a profundidade sensível da Revelação. Iaponi é o pintor das cores sonoras, ardentes, tropicais. Pintor da emoção coletiva, artista do Povo, que é a permanente funcional no
organismo da Nação, o Povo na sua Lúdica, sua Literatura Oral, alegrias, pavores, esperanças, sublimações".

Luís da Câmara Cascudo
CAVALCANTI, Carlos; AYALA, Walmir, org. Dicionário brasileiro de artistas plásticos. Apresentação de Maria Alice Barroso. Brasília: MEC/INL, 1973-1980. (Dicionários especializados, 5).



"Sua pintura foi desde logo marcada por ter ele nascido e vivido até pouco tempo atrás numa região de muita evidência do comportamento arcaico, riquíssima em artesanato popular e manifestações folclóricas. Participando, em 1962, da organização do Museu de Arte Popular da cidade de Natal, Iaponi começou a observar as formas e os ritmos visuais presentes nos autos populares - congos de calçola, ararunas, bois-calembas - então em decadência, interessando-se por documentá-los objetivamente com desenhos e pinturas.

A fase seguinte, já de abandono de um regionalismo mais superficial, correspondeu à substituição da documentação recriada pelo refinamento formal de outra fonte popular: a
narrativa fantástica e a iconografia da literatura de cordel. A prática anterior documental - de registro do vestuário, instrumentos, coreografia, arquitetura, flora e fauna - serviu-lhe como ponto de partida para a recriação de tudo isso em termos de uma nova fantasia cenográfica; diferentemente de Samico, para quem a literatura de cordel também tem sido a fonte básica de trabalho, a Iaponi interessa o enriquecimento cromático das cenas, como se cada área ou detalhe de cor, tratada sempre em simplificação, viesse estabelecer o tom
narrativo-emocional adequado, intensificando a ação no seu clímax em suspenso.

Perspectivas distorcidas adaptam igualmente o cenário ao ritmo, ao lirismo, à ingenuidade e à tensão de cada narrativa".

Roberto Pontual
PONTUAL, Roberto. Arte/Brasil/hoje: 50 anos depois. São Paulo: Collectio, 1973

Fonte: Itau Cultural



"Salve o Menino Deus, Viva o Ano Novo"
Óleo sobre Tela
80 x 70 cm

1965

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Gerson (Gerson Alves de Souza)

[Gerson Alves de Souza]

1926 - Recife - PE
2008 - Rio de Janeiro - RJ

Mesmo consagrado e com várias exposições no Brasil e no exterior, continuou exercendo a função de carteiro nos Correios e Telégrafos até se aposentar.


Segundo a artista e curadora Tania Pedrosa, Gerson era considerado por Lucien Filkenstein (fundador do MIAN - RJ e maior colecionador Naïf do Brasil), como sendo umos maiores artistas dessa arte, tanto que sua obra "As mascaradas" (2000 - óleo sobre eucatex- 24,1 cm X 19,1 cm), foi a capa do álbum "BRASIL NAÏF - ARTE NAÏF: Testemunho e Patrimônio da Humanidade". Album, inclusive, que faz parte do nosso acervo.




"BRASIL NAÏF - ARTE NAÏF:
Testemunho e Patrimônio da Humanidade".

Autor: Lucien Filkenstein

Editora:
Novas Direções

Ano: 2001

O pintor retratou principalmente figuras ímpares, urbanas, e os segmentos menos favorecidos da nossa sociedade.





O crítico e curador Geraldo Edson de Andrade fala sobre a arte de Gerson:

"Surpreende no artista o impressionismo de suas figuras urbanas, perplexas e satíricas, que provocam o espectador com olhos profundamente inquisidores, todavia fincadas no solo nordestino de onde provêm. Personagens de folguedos tradicionais, como Chegança ou Cavalhada, tanto podem ser integrantes de tradicional manifestação popular quanto falsos ditadores, bufões que ainda pululam pelo terceiro mundo. Gerson parece se divertir quando as pinta, mas a sua mensagem é a de um artista pasmado diante de seres como prostitutas, marinheiros e astronautas, todos tão puros ao seu olhar quanto os santos e beatos que povoam a religiosidade do povo, também temas freqüentes na sua obra".

Geraldo ainda cita o crítico José Roberto Teixeira Leite, em seu Dicionário Crítico da Pintura no Brasil:

“Gerson é pintor ingênuo, dos melhores, em verdade, do país. Sua pintura, que em grande parte consagra temas místicos, da religiosidade popular nordestina, exprime-se através de rigoroso desenho, com boa estruturação formal e realçada por sensível colorido”.
Fontes:

www.taniapedrosa.com.br

Gerson: um lírico entre envelopes - Geraldo Edson de Andrade



Biografia

Veio para o Rio de Janeiro em 1946, onde fez concurso para os correios.

Sua pintura urbana retratava personagens marcantes, muitas vezes, estranhos seres de rostos atormentadores que vinham do seu mundo interior. Eram palhaços, mulatas, santos, marinheiros e mulheres que faziam parte dos seus sonhos.

Pintor e poeta, cada obra trazia no seu verso a intuição de suas frases poéticas.

Artista sério e meticuloso, às vezes humilde e orgulhoso.

Foi casado com a Elza O.S., grande artista naïf que também nos deixou uma ausência insubstituível.

Fez muitas exposições no Brasil e exterior. Na sua última individual, no Centro Cultural dos Correios, nos pareceu uma despedida, tamanho foi o sucesso do evento.

Por Berenic Fernandes




"Bloco dos Meninos no Maracatu"
Óleo s/ eucatex
40 x 60cm

Exposições Coletivas

1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho


1959 - Macaé RJ - 2º Festival de Arte Moderna de Macaé, na ARCO/Escolinha de Arte de Macaé


1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna


1962 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Arte Moderna


1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna


1964 - Rio de Janeiro RJ - 13º Salão Nacional de Arte Moderna


1964 - Londres (Inglaterra) - Pintores Brasileiros, no Colégio Real de Londres


1964 - Rio de Janeiro RJ - O Nu na Arte Contemporânea, na Galeria Ibeu Copacabana


1965 - Rio de Janeiro RJ - 14º Salão Nacional de Arte Moderna


1965 - Europa - Itinerante Arte Brasileira Atual


1966 - Estados Unidos - Itinerante Arte da América Latina Desde a Independência


1966 - Moscou (União Soviética) - Doze Pintores Primitivos Brasileiros


1966 - Varsóvia (Polônia) - Doze Pintores Primitivos Brasileiros


1966 - Praga (República Tcheca) - Doze Pintores Primitivos Brasileiros


1966 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos, no Galeria Ibeu Copacabana


1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas


1966 - Rio de Janeiro RJ - 15º Salão Nacional de Arte Moderna - isenção de júri


1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna


1967 - Madri (Espanha) - Primitivos Atuais da América


1967 - Rio de Janeiro RJ - 3º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana


1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna


1968 - Lisboa (Portugal) - Lirismo Brasileiro


1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ


1969 - Rio de Janeiro RJ - 18º Salão Nacional de Arte Moderna


1969 - Rio de Janeiro Rj - Gerson de Souza e Elsa O. S., na Galeria Cavilha


1969 - Guarujá SP - Gerson de Souza e Elsa O. S., na Galeria Antigonovo


1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ


1970 - Santo André SP - 3º Salão de Arte Contemporânea de Santo André, no Paço Municipal


1972 - Bratislava (Eslováquia) - Trienal de Arte Ingênua de Bratislava


1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, no Galeria da Collectio


1973 - Rio de Janeiro RJ - 22º Salão Nacional de Arte Moderna


1975 - São Paulo SP - Festa de Cores, no Masp


1980 - Cidade do México (México) - Pintores Populares y 3 Grabadores de Brasil, no Instituto Nacional de Bellas Artes


1980 - São Paulo SP - Gente da Terra, no Paço das Artes


1982 - São Paulo SP - O Desenho na Linguagem Primitiva, no Paço das Artes


1983 - Olinda PE - 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, no MAC/PE


1994 - Piracicaba SP - 2ª Bienal Brasileira de Arte Naif, no Sesc/Piracicaba


1996 - Piracicaba SP - Bienal Naif do Brasil, no Sesc/Piracicaba


2002 - Piracicaba SP - 6ª Bienal Naifs do Brasil, no Sesc/Piracicaba


2002 - São Paulo SP - Santa Ingenuidade, no Unifieo

Fonte: Itaú Cultural


"A Chegada dos Anjos Redentores"
Óleo s/ eucatex
40 x 60cm


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Abertura do Salão de Artes Visuais do SESC - Paraíba

Convite para a inauguração da Galeria de Artes do Centro de Turismo e Lazer (SESC Cabo Branco) e abertura do Salão de Artes Visuais do SESC - Paraíba.






Artista homenageado: Hermano José (Obra abaixo).



Circo Garcia , 1954
óleo sobre tela
98 x 130 cm
Reprodução fotográfica: Antônio David

Ronaldo Mendes, um mestre em leituras e releituras: do Clássico ao Naif






O pintor naif, Ronaldo Mendes pode ser considerado um mestre em leituras e releituras, com escala diretamente em BH (Belo Horizonte). O mineiro fez da infância humilde no interior do Estado sua maior riqueza criativa.

Hoje, ele faz refêrencia aos grandes pintores clássicos, contribuindo com sua visão de mundo muito particular e, a cima de tudo, brasileiríssima. 

O artista de verdade é assim, um incorfomado. No caso, de Mendes, um inconformado poético, trazendo a infância para tudo o que faz na arte!



"Guernica"
Pablo Picasso
350 cm x 782 cm
1937



Na imagem abaixo temos a leitura de Ronaldo para Guernica, considerada por muitos a obra prima do pintor Pablo Picasso! É um painel feito por Picasso em 1937, por ocasião da Exposição Internacional de Paris. O painel retrata o bombardeio feito pelo Eixo sobre a pequena cidade espanhola no mesmo ano.


Ronaldo Mendes
 

Perguntamos a Ronaldo Mendes se poderia me falar um pouco dela? Como foi a inspiração, o que você quiser retratar com a leitura naif do Guernica? Ele respondeu:

– “Eu resolvi fazer quando li sobre a história do Painel, que Picasso queria retratar os horrores da guerra e a destruição da cidade. Então, eu o refiz porém com um visão mais branda, tanto que meus personagens estão com as caras menos sofridas do que as do mestre Picasso ... Respeitei a obra, mas fiz minha intervenção para deixá-la com a minha cara”.


Para fazer um contra-ponto ao bombardeio feito pelos alemães em Guernica (Espanha), resolvi postar o outro lado da história: as duas bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. 



Catálogo 
“Hiroshima – Testemunhos e Diálogos”  


Em 2005, o MAC (SP) trouxe a mostra “Hiroshima – Testemunhos e Diálogos”, com 86 reproduções de desenhos realizados por sobreviventes da catástrofe, selecionados entre os mais de 2 mil trabalhos pertencentes ao Hiroshima Peace Memorial Museum.


Lançada sobre Hiroshima, às 8h15, do dia 6 de agosto de 1945, a primeira bomba atômica explodiu a 580 metros do chão, deixando um rastro de destruição. A Mostra rendeu a publicação do Catálogo de mesmo nome (imagem acima).


Van Gogh e seu Quarto em Arles (França)

“Quarto em Arles
"
Vicente Van Gogh Óleo s/ tela 92cm x 73 cm Ano: 1889


Outra releitura naif feita pelo pintor foi sobre a obra de Van Cogh "Quarto em Arles", de 1889.


Ronaldo relê com cores o quarto, incluindo um belo gato preto e a luz incidente de um sol espelhado em amarelo esverdeado. Inlcui, também sua ave característica,um jarro de flores bem vivo e e dois Copos-de-leite (flor) no canto direito em baixo.


"O Quarto de Van Gogh"
Ronaldo Mendes


Ainda, enriquece com detalhes da espontaneidade tão naif. Sobre essa obra, o artista mineiro nos disse:

– “A minha leitura desse quadro foi feita por causa da minha profunda admiração por Van Gogh ... Então eu resolvi fazer a minha homenagem, pois ele era um artista que não tinha medo das cores e sabia usá-las com maestria. Aliás, as cores são piores que boi bravo: temos que domá-las”.


Maria, mãe


Além de releituras dos clássicos, Ronaldo faz a sua leitura sobre eventos que envolveram o nascimento de Jesus. Ele resolve focar na importância do burro que, tão esquececido, transportou Maria, a mãe do Profeta, pelo deserto. Por isso , diz:



– “Essa é uma homenagem ao burrinho que nunca foi lembrado, embora tenha transportado a coisa mais valiosa do mundo ... Maria, a mãe de Jesus ... Ele a transportou pelo deserto.


Ronaldo Mendes


Por fim, a leitura que o pintor naif fez da música que Beto Guedes gravou e marcou toda uma geração: "Paisagem da Janela".

"Paisagem da Janela"
Ronaldo Mendes


Observem a colcha da cama, toda em retalhos naifs que por si só já valiam uma tela. Sobre a inspiração para essa obra, Mendes fala:


– “Beto Guedes cantava na minha juventude ... ‘da janela lateral do quarto de dormir ... vejo uma igreja e um sinal de glória ‘ ... Paisagem da janela, eu estava pronto para desenhar um quadro e essa música começou a tocar!”


Posts Relacionados

Ronaldo Mendes


A infância e a riqueza emocional de um artista naif


Inéditos de Ronaldo Mendes


São Jorge em madeira com capacete coberto em lata



O estilo inconfundível de Ronaldo Mendes

 
Ronaldo Mendes homenageia o arquiteto Oscar Niemeyer