quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Ronaldo Mendes, um mestre em leituras e releituras: do Clássico ao Naif






O pintor naif, Ronaldo Mendes pode ser considerado um mestre em leituras e releituras, com escala diretamente em BH (Belo Horizonte). O mineiro fez da infância humilde no interior do Estado sua maior riqueza criativa.

Hoje, ele faz refêrencia aos grandes pintores clássicos, contribuindo com sua visão de mundo muito particular e, a cima de tudo, brasileiríssima. 

O artista de verdade é assim, um incorfomado. No caso, de Mendes, um inconformado poético, trazendo a infância para tudo o que faz na arte!



"Guernica"
Pablo Picasso
350 cm x 782 cm
1937



Na imagem abaixo temos a leitura de Ronaldo para Guernica, considerada por muitos a obra prima do pintor Pablo Picasso! É um painel feito por Picasso em 1937, por ocasião da Exposição Internacional de Paris. O painel retrata o bombardeio feito pelo Eixo sobre a pequena cidade espanhola no mesmo ano.


Ronaldo Mendes
 

Perguntamos a Ronaldo Mendes se poderia me falar um pouco dela? Como foi a inspiração, o que você quiser retratar com a leitura naif do Guernica? Ele respondeu:

– “Eu resolvi fazer quando li sobre a história do Painel, que Picasso queria retratar os horrores da guerra e a destruição da cidade. Então, eu o refiz porém com um visão mais branda, tanto que meus personagens estão com as caras menos sofridas do que as do mestre Picasso ... Respeitei a obra, mas fiz minha intervenção para deixá-la com a minha cara”.


Para fazer um contra-ponto ao bombardeio feito pelos alemães em Guernica (Espanha), resolvi postar o outro lado da história: as duas bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. 



Catálogo 
“Hiroshima – Testemunhos e Diálogos”  


Em 2005, o MAC (SP) trouxe a mostra “Hiroshima – Testemunhos e Diálogos”, com 86 reproduções de desenhos realizados por sobreviventes da catástrofe, selecionados entre os mais de 2 mil trabalhos pertencentes ao Hiroshima Peace Memorial Museum.


Lançada sobre Hiroshima, às 8h15, do dia 6 de agosto de 1945, a primeira bomba atômica explodiu a 580 metros do chão, deixando um rastro de destruição. A Mostra rendeu a publicação do Catálogo de mesmo nome (imagem acima).


Van Gogh e seu Quarto em Arles (França)

“Quarto em Arles
"
Vicente Van Gogh Óleo s/ tela 92cm x 73 cm Ano: 1889


Outra releitura naif feita pelo pintor foi sobre a obra de Van Cogh "Quarto em Arles", de 1889.


Ronaldo relê com cores o quarto, incluindo um belo gato preto e a luz incidente de um sol espelhado em amarelo esverdeado. Inlcui, também sua ave característica,um jarro de flores bem vivo e e dois Copos-de-leite (flor) no canto direito em baixo.


"O Quarto de Van Gogh"
Ronaldo Mendes


Ainda, enriquece com detalhes da espontaneidade tão naif. Sobre essa obra, o artista mineiro nos disse:

– “A minha leitura desse quadro foi feita por causa da minha profunda admiração por Van Gogh ... Então eu resolvi fazer a minha homenagem, pois ele era um artista que não tinha medo das cores e sabia usá-las com maestria. Aliás, as cores são piores que boi bravo: temos que domá-las”.


Maria, mãe


Além de releituras dos clássicos, Ronaldo faz a sua leitura sobre eventos que envolveram o nascimento de Jesus. Ele resolve focar na importância do burro que, tão esquececido, transportou Maria, a mãe do Profeta, pelo deserto. Por isso , diz:



– “Essa é uma homenagem ao burrinho que nunca foi lembrado, embora tenha transportado a coisa mais valiosa do mundo ... Maria, a mãe de Jesus ... Ele a transportou pelo deserto.


Ronaldo Mendes


Por fim, a leitura que o pintor naif fez da música que Beto Guedes gravou e marcou toda uma geração: "Paisagem da Janela".

"Paisagem da Janela"
Ronaldo Mendes


Observem a colcha da cama, toda em retalhos naifs que por si só já valiam uma tela. Sobre a inspiração para essa obra, Mendes fala:


– “Beto Guedes cantava na minha juventude ... ‘da janela lateral do quarto de dormir ... vejo uma igreja e um sinal de glória ‘ ... Paisagem da janela, eu estava pronto para desenhar um quadro e essa música começou a tocar!”


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