quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Sidney Nofal, carro de bois e o pantanal sul matogrossense


Como dizia o artista plástico Iberê Camargo, "O conteúdo da obra de arte é a experiência existencial do artista, objetivada na obra. O conteúdo, a vivência do artista, é inseparável da obra".

A convivência do artista com seu ambiente é fundamental par o enriquecimento de sua arte. Sendo assim, Sidney Nofal é um pantaneiro até o fundo de sua alma.



"Carro de bois atravessando o rio"
(Vendido - Espanha)

Por outro lado, como já disseram, uma pintura é uma poesia sem palavras. Nesse sentido, Nofal lida com diversas formas artísticas para expressar sua experiência de vida. Além de sua pintura, temos o poema "Carro de Bois" que o mesmo artista escreveu e que funciona como um repositor de sua vivência junto ao ambiente pantaneiro.



CARRO DE BOIS....

Poema de Sidney Nofal


carro de bois... / de longas e difíceis viagens / na vivência ervateira / Cultura sul mato grossense,/ história, paraguaio-brasileira... /Hoje saudade dos mais antigos, / poesia doce lisonjeira... / daqueles que viveram a epopéia / nos confins da nossa fronteira... / formação, comitiva... / cincerro e gritos... / na estrada longe, andadeira... / rastro de roda larga, / onde o fiel cão lhe vai pelo sulco, / profunda cicatriz no solo barrento... / é estrada carreteira... / assim foi aquele tempo... / fitas coloridas enfeitavam as picanas... / o grito saudoso que do peito emana... / Cunhá porã (moça bonita) doce e chucra, / do violão e o baile / (yeroki) que se dançava ao clarão da lua... / Hoje História Sul Mato Grossense, / bruta terna e charrua...
 
 
 
 
 
A riqueza do pantanal também aflorou uma vasta cultura local, com fala e termos próprios e uma economia muito particular. A proximidade com a fronteira paraguaia serve, também, para adicionar mais elementos culturais. Tanto é que o livro "Entendendo o Pantanal" (Editora Alvorada), escrito por Otávio Augusto Costa e Lacerda, é uma espécie de dicionário do falar pantaneiro. O livro mostra, segundo sua sinopse, "a cultura e a riqueza da região como o carro de boi, animais pantaneiros, comidas típicas da região, viola de cocho e outros". 
 


Entendendo o Pantanal (Editora Alvorada Ltda),
de Otávio Augusto Costa e Lacerda.

Foto: Adriana Souza (Rede aguapé)


Mais abaixo, temos outra tela com carros de bois na paisagem descrita pelo pintor:
 
 
Esta é fazenda Campanário, sede da Mate Larangeira. O que vou contar nesta série é a história política e econômica de Mato Grosso do Sul nos primórdios da sua fundação, na época ainda Mato Grosso. A erva mate era nativa e formava uma grande selva. Este trabalho marca a importância de uma época que ainda está bastante presente na memória do nosso povo, registrando através da poesia e artes plásticas um momento de fundamental importância para o desenvolvimento do estado.


 Fazenda "Campanário", sede da Mate Larangeira

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