12 de junho de 1944
Itajubá - BA
A obra do artista que nasceu em Itagibá está presente em diversas coleções particulares e oficiais. No Brasil, integra os acervos da Pinacoteca do Estado de São Paulo, do Museu de Arte Brasileira da FAAP, Museu de Arte Contemporânea da USP, Museu Edson Carneiro, entre outros.
Fonte: Globo.com
Fonte da imagem: www.entremeios.saobernardo.sp.gov.br
"Minha arte fala do dia-a-dia para o homem se aproximar mais do Criador"
Adão pai da fé |
Nascido em 1944, aos 12 anos, fugiu da pequena Itajibá, no sul da Bahia,e começou a percorrer o Brasil. Inicialmente, passou pelo interior de Minas, onde chegou a dormir em grandes pedras no meio de um rio."Também carreguei malas na estação e dormi sobre fornos de uma padaria".
Foi como carona de um pau-de-arara que ele chegou a São Paulo."Era 1958.Vivi como menino de rua, dormindo em bancos de praça até que um sargento da guarda civil me levou para a casa dele em Osasco",conta o pintor.O policial também lhe deu uma caixa de engraxate,com a qual começou a trabalhar.
Waldomiro também lembra qual foi sua primeira obra de arte: uma escultura de barro em que mostrava uma santa em trajes modernos."Quando a coloquei numa loja da cidade, o dono queria me bater. Achou uma falta de respeito com a Igreja e só se acalmou quando a tirei de lá.Depois desse episódio, decidiu conhecer outras terras. Viajou por Catanduva e Presidente Vanceslau. Mas retornou a Osasco, já com 17 anos, onde conseguiu emprego como jardineiro. "No fundo da casa, encontrei tintas, pincéis e cartolina.Comecei a pintar de noite e a dormir durante o serviço", conta.
Foi demitido, mas até hoje lembra da primeira imagem que criou: um enterro."Pinte muito nessa fase. Lembrava do interior da Bahia e retratava festas populares, histórias sobre mula-sem-cabeça e lobisomens. "Desempregado, pegou umas 30 cartolinas que havia desenhado e foi para o Viaduto do Chá. Colocou tudo no chão e conseguiu vender duas delas para um americano, obtendo dinheiro suficiente para alugar um quarto para dormir.
Começou assim uma carreira como pintor que decolou de fato quando encontrou o que ele chama de "primeiro anjo da minha vida": o Marquês Terry Della Stuffa."Ele me deu roupas, espaço para pintar e tintas a óleo", diz.Waldomiro de Deus passou então a conviver com coquetéis da alta sociedade paulista, conhecendo a família Matarazzo e o crítico Pietro M. Bardi. "Encontrei assim o meu segundo anjo: o físico e crítico de arte Mário Schemberg. Ele lia minhas obras como se fossem um livro", agradece o pintor.
Nos anos 60, já vivendo de sua arte, Waldomiro de Deus morava na Rua Augusta."Adorava aquelas lojas de roupas bonitas.Um dia,vi uma minissaia numa vitrine.Não sabia o que era. Experimentei e vi que era para mulher. A dona da loja me desafiou.Disse que me pagava se eu saísse com ela no meio da rua. Não pensei duas vezes. Me xingavam de tudo quanto era nome feio",relata. Esse tipo de atitude desafiadora lhe deu notoriedade."Pintei Nossa Senhora de minissaia com cinta-liga e botas",lembra. Seu nome virou assim sinônimo de polêmica.
De volta ao Brasil, em 1975, o pintor mora hoje em São Paulo e tem atelier também em Goiânia. Casado, com seis filhos,já pintou mais de 2000 obras sobre folclore,céu,inferno, planetas e situações do cotidiano,espalhadas por colecionadores e museus de todo o mundo."Posso viajar muito,mas sinto saudade das minhas origens",diz,lembrando que o começo de sua pintura está ligado às coisas simples do interior,um universo que a UNESP,pela distribuição de suas unidades pelo Estado de São Paulo,conhece muito bem.A partir de 1966, Waldomiro viveu na Europa,expondo na França, Itália, Bélgica e Holanda. Conheceu ainda celebridades, como Salvador Dali."Ele me deu um beijo surrealista,com aqueles bigodes que pareciam duas antenonas".
Fonte: //pt.wikipedia.org/wiki/Waldomiro_de_Deus
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