A riqueza do cotidiano (por Oscar D'Ambrosio )
O cotidiano é um universo dos mais ricos para os artistas populares. Saber observar o que está ao redor e buscar maneiras de retratá-lo em imagens plenas de poeticidade constitui um desafio daqueles que dominam as formas e as cores.
O pintor primitivista Edgard di Oliveira é um desses artistas autodidatas que soube ver o mundo que o rodeava, dando-lhe maior vivacidade, principalmente ao trabalhar com a cor amarela, que, em sua palheta, atinge um resultado bem peculiar.
Nascido em Estrela D'Oeste, em 5 de setembro de 1949, Edgard Barbosa de Oliveira, que assina seus quadros como Edgard di Oliveira, começou a desenhar na escola primária e, aos 18 anos, foi descoberto pelo célebre pintor primitivista José Antonio da Silva, radicado em São José do Rio Preto, que o considerou seu discípulo.
Foi Silva o primeiro a incentivar o jovem Edgard, oferecendo-lhe tintas e pincéis para pintar. Posteriormente, ainda sob conselho do mestre, ia aos jornais e rádios locais com um quadro na mão. Ao mostrá-lo, solicitava uma quantia em dinheiro como ajuda para a compra de material. Com esse recurso, arrecadou capital para comprar 20 telas e tintas.
Após realizar esses trabalhos, Edgard recebeu de Silva uma carta de apresentação que o auxiliou a realizar uma exposição individual, em São Paulo, na Galeria Azulão, em 1972. Desde aquela época, ele pintava cenas de folclore, rurais e temas do cotidiano da cidade, sempre com um traço bem característico, marcado pela simplicidade no tratamento das formas.
Folia de Reis, Festas Juninas e colheitas de algodão, café e arroz são temas recorrentes, que lhe valeram a apreciação de críticos, como Carlos Von Schmidt, e prêmios em salões em São José do Rio Preto e Olímpia, ambos no interior de São Paulo. A temática interiorana surge com força pelo talento de trabalhar basicamente com cores primárias, que se entrelaçam numa explosão estética.
O cotidiano é um universo dos mais ricos para os artistas populares. Saber observar o que está ao redor e buscar maneiras de retratá-lo em imagens plenas de poeticidade constitui um desafio daqueles que dominam as formas e as cores.
O pintor primitivista Edgard di Oliveira é um desses artistas autodidatas que soube ver o mundo que o rodeava, dando-lhe maior vivacidade, principalmente ao trabalhar com a cor amarela, que, em sua palheta, atinge um resultado bem peculiar.
Nascido em Estrela D'Oeste, em 5 de setembro de 1949, Edgard Barbosa de Oliveira, que assina seus quadros como Edgard di Oliveira, começou a desenhar na escola primária e, aos 18 anos, foi descoberto pelo célebre pintor primitivista José Antonio da Silva, radicado em São José do Rio Preto, que o considerou seu discípulo.
Foi Silva o primeiro a incentivar o jovem Edgard, oferecendo-lhe tintas e pincéis para pintar. Posteriormente, ainda sob conselho do mestre, ia aos jornais e rádios locais com um quadro na mão. Ao mostrá-lo, solicitava uma quantia em dinheiro como ajuda para a compra de material. Com esse recurso, arrecadou capital para comprar 20 telas e tintas.
Após realizar esses trabalhos, Edgard recebeu de Silva uma carta de apresentação que o auxiliou a realizar uma exposição individual, em São Paulo, na Galeria Azulão, em 1972. Desde aquela época, ele pintava cenas de folclore, rurais e temas do cotidiano da cidade, sempre com um traço bem característico, marcado pela simplicidade no tratamento das formas.
Folia de Reis, Festas Juninas e colheitas de algodão, café e arroz são temas recorrentes, que lhe valeram a apreciação de críticos, como Carlos Von Schmidt, e prêmios em salões em São José do Rio Preto e Olímpia, ambos no interior de São Paulo. A temática interiorana surge com força pelo talento de trabalhar basicamente com cores primárias, que se entrelaçam numa explosão estética.
As telas de Edgard retratam, por exemplo, cenas aparentemente banais, como um vendedor de melancias com o seu caminhão. O cenário urbano inclui, ao fundo, uma igreja no topo de uma colina, mas também surgem algumas palmeiras, que se articulam harmoniosamente com as casas muito coloridas e as pessoas geralmente com um sorriso no rosto.
Flagrantes cotidianos são captados com precisão quase fotográfica e interesse jornalístico. Em O Cego, por exemplo, há um turista com filmadora e pessoas doando dinheiro ao cantador em frente a um bar, comandado por um senhor com bigodes tipicamente portugueses. A impressão do observador é que a cena foi congelada pelos pincéis do artista, morador de São José do Rio Preto.
As telas revelam espontaneidade e uma estrutura que privilegia a interação entre as pessoas e o ambiente. Festa de Reis, por exemplo, medalha de ouro no Salão de Olímpia de 1998, inclui os participantes da celebração, populares, as mencionadas casas e até um coreto, além de um fundo em que predominam banhistas, pescadores e um céu encantador.
Ao tratar de festas juninas, Edgard arrisca mais nas cores, principalmente nos vestidos das moças, mostrados em azul com bolinhas brancas ou listrados verticalmente de vermelho e amarelo. A alegria da celebração é evidente muito mais nas cores do que no movimento das personagens. É no contraste entre os tons utilizados que surge o dinamismo.
Temas nordestinos também são tratados em quadros como O bando de Lampião, em que um conjunto de cangaceiros é mostrado dançando, com seu líder e Maria Bonita se divertindo em meio à roda. Eles estão cercados dos companheiros armados, enquanto os músicos têm as mesmas vestes dos companheiros de bando.
As árvores coloridas e a atmosfera agreste combinam-se de maneira muito pitoresca e a habilidade no trato com as cores é evidente na solução de dar ao sol e aos chapéus dos cangaceiros a mesma tonalidade. Cria-se assim uma harmonia que reforça a idéia de uma certa democracia entre líderes e liderados em suas andanças pelo sertão nordestino.
É, no entanto, nos temas mais ligados especificamente ao mundo caipira que Edgard, como autêntico discípulo de José Antônio da Silva, apresenta seus melhores resultados pictóricos. Um carro de boi que percorre uma estada paradisíaca, ao revelar desproporção nas formas, compõe, junto a casas distorcidas e sem perspectiva, telas de expressão tipicamente naïf.
Outras atividades, como consertar a cerca, socar arroz ou pescar, também são temas tratados com habilidade por Edgard, que, além de trabalhar com tinta acrílica sobre tela, realiza esculturas em argila e madeira, além de efetuar entalhes e desenvolver a atividade de pintor letrista de parede.
O universo cromático encontrado nas telas de Edgard di Oliveira indica a variedade de uma palheta que trabalha preferencialmente com cores quentes, sobremaneira o amarelo luminoso, que traz à tona, com desproporções e distorção das imagens, cenas do cotidiano, tornando-as inesquecíveis em sua simplicidade e riqueza de detalhes.
Flagrantes cotidianos são captados com precisão quase fotográfica e interesse jornalístico. Em O Cego, por exemplo, há um turista com filmadora e pessoas doando dinheiro ao cantador em frente a um bar, comandado por um senhor com bigodes tipicamente portugueses. A impressão do observador é que a cena foi congelada pelos pincéis do artista, morador de São José do Rio Preto.
As telas revelam espontaneidade e uma estrutura que privilegia a interação entre as pessoas e o ambiente. Festa de Reis, por exemplo, medalha de ouro no Salão de Olímpia de 1998, inclui os participantes da celebração, populares, as mencionadas casas e até um coreto, além de um fundo em que predominam banhistas, pescadores e um céu encantador.
Ao tratar de festas juninas, Edgard arrisca mais nas cores, principalmente nos vestidos das moças, mostrados em azul com bolinhas brancas ou listrados verticalmente de vermelho e amarelo. A alegria da celebração é evidente muito mais nas cores do que no movimento das personagens. É no contraste entre os tons utilizados que surge o dinamismo.
Temas nordestinos também são tratados em quadros como O bando de Lampião, em que um conjunto de cangaceiros é mostrado dançando, com seu líder e Maria Bonita se divertindo em meio à roda. Eles estão cercados dos companheiros armados, enquanto os músicos têm as mesmas vestes dos companheiros de bando.
As árvores coloridas e a atmosfera agreste combinam-se de maneira muito pitoresca e a habilidade no trato com as cores é evidente na solução de dar ao sol e aos chapéus dos cangaceiros a mesma tonalidade. Cria-se assim uma harmonia que reforça a idéia de uma certa democracia entre líderes e liderados em suas andanças pelo sertão nordestino.
É, no entanto, nos temas mais ligados especificamente ao mundo caipira que Edgard, como autêntico discípulo de José Antônio da Silva, apresenta seus melhores resultados pictóricos. Um carro de boi que percorre uma estada paradisíaca, ao revelar desproporção nas formas, compõe, junto a casas distorcidas e sem perspectiva, telas de expressão tipicamente naïf.
Outras atividades, como consertar a cerca, socar arroz ou pescar, também são temas tratados com habilidade por Edgard, que, além de trabalhar com tinta acrílica sobre tela, realiza esculturas em argila e madeira, além de efetuar entalhes e desenvolver a atividade de pintor letrista de parede.
O universo cromático encontrado nas telas de Edgard di Oliveira indica a variedade de uma palheta que trabalha preferencialmente com cores quentes, sobremaneira o amarelo luminoso, que traz à tona, com desproporções e distorção das imagens, cenas do cotidiano, tornando-as inesquecíveis em sua simplicidade e riqueza de detalhes.
Oscar D'Ambrosio é jornalista, crítico de arte e autor de Os pincéis de Deus: vida e obra do pintor naïf Waldomiro de Deus (Editora UNESP).
Fontes Pesquisadas
Por Audrey Jorge, aluna de Graduação em Educação Artística na UNESP de Bauru.
Fonte: http://www.faac.unesp.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário