Nascido em Jurupema - SP
em 23/07/1948
Quando criança, Orlando Fuzinelli gostava de se reunir aos mais velhos à noite para ouvir deles causos de assombração. E quem já participou destes eventos (excitantes pelo que têm de macabros) sabe como é: na hora tudo vai bem, o problema é depois.
Como morasse na outra ponta da colônia, era longo, escuro e solitário o caminho do menino Fuzi até em casa. Então ele corria. Sebo nas canelas para tornar breve a experiência angustiada de imaginar (quem sabe até sentir) em sua cola os fantasmas evocados pelas histórias da gente grande.
Jorge Guerreiro e seus amigos na terra do esquisito |
O medo ficaria gravado em seu subconsciente para, anos mais tarde, materializar-se em seus quadros na forma de dragões, figura recorrente na pintura deste que é um dos mais conhecidos nomes do naïf da região.
Orlando Fuzinelli é primitivo na forma mas bastante contemporâneo no conteúdo. Como um chargista, ele sabe ler o que se passa no mundo para traduzir, em pinceladas pseudo-ingênuas, essa realidade em um tom sempre de crítica e bom humor.
Bumba meu boi |
Certa vez, por sugestão do Clube de Criação de São Paulo, que pediu seu olhar a respeito do tema televisão, Fuzinelli pintou uma tela em que Adão e Eva aparecem assistindo à TV, em cima da qual havia uma maçã.
Outra característica em sua obra é a presença dos cachorrinhos. Em qualquer de seus quadros, pode procurar: haverá sempre dois cachorros de cor preta e um branco. Mas o artista garante que não se trata de nenhum código escondido. Não há nada de Da Vinci. “Onde eu vivi havia sempre muitos cachorros, e eu comecei colocando assim, aleatoriamente, até virar uma marca. São as crianças que mais se divertem tentando achá-los na tela”.
Além de pintar, Fuzinelli escreve, e é também uma escrita popular, caipira, “uma literatura naïf”, como definiu o professor Aguinaldo Gonçalves, porque esta é a essência do artista.
O canto do Curió |
Já ilustrou inúmeros livros e outros tipos de publicações (a atual capa da lista telefônica de Salvador é dele), mas se interessa em emplacar também seus poemas. No sábado, ele lança com Ariana Gomes Lopes o livro “Dois Dedos de Prosa e um de Poesia”, com 10 poemas dele e 10 contos dela (os dois já haviam lançado juntos “Histórias do Pito Aceso”, ilustrado por Fuzi.
Orlando nasceu em 1948 na vila rural de Jurupema, próximo de Taquaritinga. Viveu no sítio até os 22 anos. Em criança, rabiscava de lápis de cor e carvão as paredes de tábua de sua casa.
Chegou em Rio Preto em 1976, onde passou a acompanhar os salõesl que existiam na época. Queria pintar, mas estava inseguro. “Eu queria ser acadêmico. Achava que aquilo era legal e tentava fazer igual, mas caía no ‘desenhinho’ infantil, ingênuo. Até me contarem que aquilo era naïf”: o grande mérito da artista primitivista é pintar como criança não sendo uma.
Fuzinelli já participou de exposições coletivas importantes, como a “Brasil-Haiti”, que passou por Brasília, São Paulo, na sede da ONU em Nova York, no Haiti e Rio de Janeiro, e individuais, como a intitulada “Um Caipira de Raiz”, levada ao MIAN (Museu Internacional de Arte Naïf ), no Rio. Tem quadros expostos por museus e colecionadores em países como Portugal, Dinamarca, Alemanha, Canadá e Nova Zelândia.
Adaptado da fonte: http://www.diarioweb.com.br - Por Igor Galante
Amo a arte de Orlando FUZINELLI um dos mais notáveis ARTISTAS BRASILEIROS! SALVE SALVE E MUITA SAÚDE AO MESTRE!
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